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Capítulo 27 - First Time

Hayley engoliu seco e explicou:

-Não é isso que você está pensando, Dave!

E olhou para Krist, esperando o mesmo falar algo. Até que a garota pisa em seu pé e ele diz, ainda perdido:

-É, não é isso que você está pensando! É uma piada entre nós quatro, sabe?

-Isso mesmo! Além disso, o Kurt jamais ficaria com o Axl, não é Krist? -Pergunta Hayley, olhando para o namorado.

Krist afirmou com a cabeça, e Dave mudou completamente sua expressão normal, para um completo perdedor.

-Ah sim, claro... Eu sei. Porque o Kurt não é doido assim. Enfim, acho que já vou indo. Boa noite, pessoal!

Krist percebeu que o garoto realmente parecia um tanto quanto, triste. E segurou em seu braço, perguntando:

-Dave, aconteceu alguma coisa? Você parece triste.

-Não, está tudo bem. Obrigado, Krist.

-Dave, foi a Amy? -Pergunta Hayley, lhe observando desconfiada.

-Droga... sim! Está tão na cara assim?

-Eu sabia, o que aconteceu entre vocês? -Questionou a ruiva, com um pequeno sorriso e Dave suspirou.

-Bem, nem eu realmente entendi. Eu cheguei em seu quarto, pra ver se ela estava bem. Então, Amy não disse nada, depois do nada... ela me expulsou de lá. Disse que precisava de um banho apenas. Eu então, saí. Mas fiquei totalmente confuso.

-Nossa, que estranho, Dave! -Disse Krist.

-Garotas... Mas sabe o que deveria fazer? -Pergunta a ruiva.

-O quê?

-Cair fora! As garotas são do tipo difíceis. Elas fingem que não gostam de você, mas isso é uma idiotice, algo nojento. Então, faça ela aprender...

-Hayley! Como você é má. -Sussurrou Krist e a garota deu de ombros.

-É, você está certa, Hayley. Mas eu não consigo, isso é uma merda. -Disse ele, colocando as mãos no rosto.

-Dave... É o seguinte: ou você realmente se entrega pra ela, ou a deixa para sempre. Qual você escolhe?

-Hayley, eu não sei. Estou confuso.

-E apaixonado. -Completou Krist.

-Se entrega, Dave! Sinto muito, mas boa sorte. Agora, vamos Krist! Quero conversar com o Stee! Estou com saudades. E não dê uma de ciumento. Eu amo você mais do que tudo. -Disse Hayley, fazendo Krist sorrir e lhe beijar.

-Viu só? Eu quero que nós dois sejamos assim, como vocês! -Falou Dave, sorrindo e apontando para ambos.

-É complicado, porque eu sou totalmente o oposto da Amy. Mas tem a July, que lembra mais eu. Por que não tenta algo com ela? July é muito legal, eu aprovo. -Disse a garota.

-Eu sei, mas a July não é do tipo de garotas que eu gosto. Eu sempre vou no mais difícil.

-Porque você é idiota, Dave. E quando se apaixona continua sendo um idiota, só que dessa vez... um idiota apaixonado!

-Hayley, você é uma conselheira, ou uma realista, o quê? -Perguntou Krist, impressionado com a namorada.

-Não sei, mas esse é o motivo de ter poucas amigas. Amigas não, amigos.

-É, faz sentido. -Concordaram os garotos.

-Viu? Eu disse tudo isso para o Dave, e amanhã ainda vamos continuar conversando. Ou não, Dave?

-Claro que sim! Você disse a verdade, e o que vou fazer?

-Sabe... quando eu era pequena minha mãe e minha classe inteira achava que eu era, ou dizia que era... Lésbica! Só que depois eu percebi que jamais ficaria com uma garota, pois elas são terríveis. E fora que a garota não iria gostar de alguém com uma cabeça totalmente oposta à dela. Porque eu iria dizer coisas que ela odiaria ouvir. Ao contrário de vocês, que ouvem e depois aprendem, ou não. Porém, continuam comigo. Agora elas, se afastam.

-Deus! Você é claramente a garota mais certa que já encontrei, nós vamos casar, certo? -Pergunta Novoselic, com um sorriso e de boca aberta.

-Claro que sim.

-Muito obrigado, casal! Agora eu preciso descansar.... Até amanhã! -Disse Dave, acenando e rindo da ruiva.

-Até amanhã! -Responderam fazendo o mesmo.

Assim que Dave saiu, Hayley e Krist saíram procurando por Steven.

-Ei, olha ali! -Disse ela, apontando para a sala onde guardavam as chaves.

-O que foi?

-Vamos ver se a sala está aberta? Eu quero achar a chave de um quarto, depois te conto de quem.

-Tudo bem, mas provavelmente está trancado. -Respondeu Krist.

Os dois foram em direção a sala e quando estavam chegando próximos a porta ouviram som de risada. Hayley colocou o ouvido direito sobre a porta e fez sinal de silêncio com o indicador para Krist. Ele fez o mesmo que a ruiva e assim que Hayley tentou girar a maçaneta, para ver quem estava lá, as risadas pararam. Provavelmente haviam percebido e as pessoas de lá de dentro se assustaram, ficando caladas. Hayley revirou os olhos e bateu na porta, sussurrando:

-Quem está aí?

Ninguém respondeu, então Krist pergunta:

-Quem é? Não somos os professores. Apenas alunos...

-Não vamos dizer a ninguém, também estamos querendo as chaves. -Completou Hayley.

-Pode responder? Ou então, chamaremos alguém, de verdade.

Hayley sorriu de lado para o garoto que ouvia atento, esperando uma resposta.

***

Duff ria da curiosidade de Izzy, mas não contou nada ao garoto.

-Duff, onde estamos indo? -Perguntou ele, impaciente.

-Quieto, Isbell! Você já vai ver. -Respondeu sussurrando e tentando controlar-se para não rir da sua cara.

Por fim, Duff, sem Izzy ao menos perceber, puxou ele pelo braço para dentro de uma sala pequena. Izzy prendeu a respiração por alguns segundos.

-Está mais calmo, agora? -Perguntou o loiro com um sorriso no canto da boca.

-Duff, o que é isso?

-É uma salinha, que eu e o Axl viemos.

-Como assim, vieram? -Perguntou Izzy, desconfiado e de braços cruzados.

-Não, viemos para o Axl fazer alguma coisa com a Amy. Não sei o que era.

-Ah, claro! Já entendi. Não precisa entrar em detalhes. -Disse ele, sentando sobre a mesa de madeira que ficava no meio da sala.

-Acho que não fizeram "isto". - falou Duff, abrindo aspas no ar. -Mas se fizeram, garças a Deus, eu não vi.

-E nem ouviu. -Acrescentou o moreno.

-Sim, lembra quando vimos o Stee, tentando espiar pela porta?

-Sim, cara! Foi péssimo, e ao mesmo tempo engraçado.

-É verdade. Eu gostava dela. Ou gosto ainda, eu realmente não sei.

-Eu também não, Duff. Mas espero que tudo fique bem. Pelo menos, as brigas acabaram.

-Sim, será que o Axl vai cantar Back Off Bitch?

-Pra Amy? Acho que não. Se ele fizer isso, será um grande merda.

-É verdade. Mas, até que a letra ficou boa.

-Ficou. As letras do Axl sempre são boas. Você viu uma que ele escreveu para Amy? Ele chamou de Don’t cry.

-Ela, apesar de tudo, fez ele escrever boas músicas, Jeff.

-Fez. Isso é verdade. E isso me fez sentir mal, pois perdemos a "musa inspiradora" do Axl.

-Talvez não, Isbell. Quem sabe ele arruma uma musa hoje?

-July? Sério, McKagan?

-Claro que não! Ela não combina com ele, Izzy.

-Ela combina com o... Kurt?

-Não, eu não sei. Acho que July devia ficar sozinha, às vezes. O problema é que ela consegue te deixar hipnotizado. E eu juro que não são os peitos. Até por quê, eu não vi. Você já?

-Não. Nunca, Duff. -Respondeu rindo timidamente.

-Pois então, eu acho que a maneira que ela diz as coisas. Ou até mesmo nos trata. Acho que eu era um idiota. Como fui gostar dela? -Pergunta Duff, sentando ao lado de Izzy e olhando para o nada.

-Ah, eu não sei... Nós gostamos de pessoas que jamais imaginaríamos que gostaríamos. Tipo... -Disse ele, pausando.

-Tipo nós? -Questionou o loiro, fitando o garoto.

Era exatamente isso que Izzy queria ouvir e sorriu assim que Duff perguntou, respondendo:

-É, acho que sim. - sussurrou desviando o olhar para seus sapatos. -E você?

Duff apenas sorriu, da maneira que fazia Izzy arrepiar, e inclinou-se para o lado, chegando ainda mais próximo o seu rosto ao de Jeffrey. Os olhos de Duff desceu para os lábios de Izzy, sentindo a mesma sensação de segundos atrás. O moreno engoliu seco, abrindo os lábios devagar e perguntando, mais uma vez:

-E você?

Não houve respostas, mas não precisava. E nem Jeffrey queria saber a resposta. Ele apenas sentia um nó em seu estômago e uma ansiedade por beijá-lo de novo. Izzy havia gostado de sentir o seu gosto. Por mais que soubesse que não deveria.

E Duff, segurou em seu rosto, colocando seus lábios sobre os de Izzy. Ele sentiu um arrepio em sua nuca, movendo seus lábios devagar. Talvez, ainda estivesse perdido, depois de que tudo aconteceu. Quando menos percebeu, o mesmo beijo estava acontecendo. As mãos do punk foram até o pescoço de Izzy, chegando seu corpo ainda mais próximo ao do outro, na tentativa de trazê-lo mais perto.

Duff segurou na cintura de Izzy, e foi colocando seu corpo sobre o dele, devagar. Então, deitou o garoto sobre a mesa e apoiou-se com as duas mãos, sobre a mesma, para não colocar todo o seu peso sobre o corpo do moreno. Izzy levou sua mão esquerda até os cabelos loiros de Duff, e a direita a sua cintura. Izzy suspirou, ao sentir o punk passar a mão por baixo de sua blusa. Jeffrey entrelaçou seus dedos sobre os longos fios do cabelo de Duff, e desceu até sua nuca. Michael sentiu um arrepio por todo seu corpo. E cada vez que sentia os seus lábios contra os de Izzy, uma sensação percorria por toda a sua garganta, desfazendo o nó, e a ansiedade de tê-lo só aumentava.

Naquele momento, Izzy não se importava com quantas pessoas Duff já havia ficado, transado. Mas sim, por quem ele estava apaixonado. Nem muito menos, às vezes em que o loiro foi um idiota, ou até mesmo fez alguma coisa terrível. Das vezes em que Duff ficou bêbado, e Izzy teve que carregá-lo, das vezes em que precisou lhe aconselhar. Ou então, quando precisou ir até o hospital vê-lo por ter bebido até demais. Agora, era tudo apenas histórias, na maioria das vezes engraçadas. Pela primeira vez, ele sabia que quando precisasse Duff, ele estaria lá, e Izzy também. Ambos não sabiam o porquê de tudo ter acontecido tão rápido, desde o amor, até agora. Mas sabiam que aquilo era real.

Jeffrey abriu um sorriso, e sentiu o maior fazer o mesmo, até que afastou seus lábios devagar, perguntando:

-Duff, isso é uma mesa, certo? E se ela quebrar?

-Bem, é. Se ela quebrar, estamos ferrados. E eu a-acho... -Respondeu ele, nervoso.

-O que acha? -Perguntou Izzy, lhe encarando e vendo seus olhos verdes escuros mais claros do que o normal.

-E eu acho que amo você.

Naquele momento, um silêncio confortável surgiu. Izzy ainda tentava processar as palavras que acabara de ouvir. Ele sentiu o ar pesar, e fechou seus olhos, respondendo baixinho, próximo ao ouvido de Duff:

-Eu acho também.

-Não, não... Eu amo você, Jeffrey Dean Isbell. -Disse o punk, próximo ao seu ouvido também.

-Você é um idiota, mas você já a sabe disso. E... é melhor trancar a porta.

Duff riu e levantou-se indo em direção a porta, e trancando como Izzy disse.

-Eu sei, desculpa... -Respondeu ele, voltando e sorrindo.

Observou Jeffrey que fazia o mesmo, e deitou seu corpo sobre o dele, mais uma vez. Lhe dando um pequeno beijo. E Izzy disse:

-Tudo bem. Não se preocupa, agora.

Ambos riram, olhando um para o outro. Sem desviar o olhar, então, Duff beijou sua bochecha e, em seguida, sua boca. Desceu os beijos para o seu pescoço, e Izzy fechou os olhos, sentindo seus lábios. Michael, em seguida, olhou para ele, tirando alguns fios de cabelo que caíam sobre o seu rosto. E sorriu.

-O que foi? -Perguntou Izzy, abrindo seus olhos.

-Nada, é que eu gosto de ver você, seu rosto... E às vezes o seu cabelo não deixa. Nem tanto, como o Slash, mas...

-Ah, certo. -Respondeu ele, fazendo os dois rirem.

Logo depois, ouviram a maçaneta da porta girar.

***

Axl encarou Kurt, mas o loiro lhe ignorou e abaixou o olhar. Axl correu para dentro. Steven tentou chamá-lo, mas falhou.

Kurt ainda abraçava July, tentando acalmá-la. Kurt odiava ver qualquer garota que fosse, chorando. Ele já havia visto sua mãe inúmeras vezes mal, por caras idiotas. E assim, prometeu para si mesmo, que jamais deixaria uma garota assim.

-Vai ficar tudo bem, July. -Sussurrou, fechando os olhos e ouvindo a garota chorar baixinho.

-Kurt, por que ele sempre tem que ser tão duro?

-Eu não sei... As coisas acontecem, pequena. -Respondeu, acariciando seu cabelo.

July deitou o seu rosto sobre o ombro de Kurt, e fechou os olhos, sentindo algumas lágrimas escorrerem, involuntariamente.

-Quer ir para o seu quarto, ou quer que eu fique aqui? -Perguntou ele, olhando para July.

Kurt enxugou seus olhos, e a garota sorriu, respirando fundo. Sua garganta ardia, e ela respondeu:

-Não, fica comigo. Eu não quero que a Amy me veja chorando. Ela está mal demais, e precisa de mim.

-Tudo bem, vamos na piscina. Não nadar, só sentar ali.

-Vamos, vou só pegar um casaco.

-Ok, eu só vou avisar o Krist que vou demorar um pouco, certo? -Perguntou Kurt, e July assentiu.

Kurt e a garota entraram, e ele foi em direção ao seu quarto. Enquanto andava pelo longo corredor, viu Hayley e Krist, foi até eles, perguntando:

-O que estão fazendo aí?

-Puta merda, Kurt! Que susto! -Disse Krist, colocando a mão sobre a boca e Hayley começou a rir.

-O Chris anda meio assustado, você deve saber como ele é. -Concluiu Hayley, desencostando da porta.

-Sei sim, mas o que fazem aqui? Encostados aí?

-Fala baixo, Kurt! A Hayley quer descobrir quem está aí. Porque ela quer pegar uma chave. -Respondeu Krist, baixo.

-Ah desculpa... -Disse ele, abaixando o tom de voz, e colocando as mãos nos bolsos.

-Abre essa porta! -Gritou Hayley, e a chave da porta foi girada.

Eles perceberam que a porta foi destrancada, e um sussurro ecoou para o lado de fora:

-Mas que merda, vamos. Dane-se!

Hayley irritada, girou a maçaneta, abrindo a porta com raiva. E ao verem Duff e Izzy, envergonhados, totalmente vermelhos, as gargalhadas surgiram. Em seguida, July chegou olhando para Kurt de lado, e rindo, com seu casaco de couro. Kurt abriu um sorriso pequeno em seu rosto, e Hayley olhou para cima prendendo os lábios. Os quatro se entre-olharão, mas não se importaram. Todos eles sabiam, e July, também só queria a felicidade de Duff, apesar de tudo. E agora, estavam achando aquilo novo, e hilário. Incrível. Nenhum deles se importava se os dois se gostavam, apenas achavam engraçado a maneira que estavam, totalmente sem fôlego e sérios. Tentavam parecer que haviam apenas conversado, como "amigos", que era o que diziam. Só que agora, finalmente, não tinham dúvidas. A amizade deles sempre foi diferente. E era de se notar.

-Foi mal, casal... não sabíamos. -Disse Krist, tentando não rir, com as mãos na barriga.

-Vão se ferrar, não é nada disso que estão pensando! -Gritou Duff, fechando a cara, e cruzando os braços.

Izzy estava atrás do loiro, e disse, tentando deixar o "clima" mais leve:

-A gente já está saindo, né, Duff?

Duff olhou para ele, e afirmou, dizendo, com um sorrisinho em seu rosto:

-Sim, agora, pode entrar na sala, lindinha!

Os dois saíram, tentando parecer totalmente normais, mas todos sabiam que não. Krist olhou para Kurt, e sussurrou, perguntando perto do seu ouvido:

-Você sabia. Por que não me disse aquele dia?

-Cara, eu não tinha certeza. Privacidade... Não é mesmo?

Hayley e July conversavam entre si, e em seguida, se despediram, indo cada um para um lado. Krist e Hayley, foram até Steven, e July e Kurt para a piscina.

***

Sozinho e um grande merda mais uma vez, pensou Axl. Ele estava completamente sozinho. Queria sentir Kurt lhe abraçando, queria sentir seus lábios, mas ele estava com July. Kurt estava distante. Queria gritar, queria se vingar de July, ela estava com seu único... Kurt não era mais nada agora. O ruivo apenas fechou os olhos e correu para dentro, correu tanto, ele queria fugir. Seus pensamentos estavam tão confusos. Ele queria fugir, ele queria puxar Cobain e sair desse lugar, mas era tarde demais. Você e eu, não existia mais.

Não disse mais nada, não observou ninguém, nada mais importava. Chegou em “seu” quarto e ninguém estava lá. Todos os seus “amigos” tinham desaparecido, até mesmo Jeffrey. Bateu a porta com força e correu para sua cama, deitando-se e chorando. Por que está fazendo isso?, pensou e não havia respostas. As vozes ficaram vagas. Axl só queria chorar e pensava nesse momento que todo mundo era melhor que ele, até mesmo o pior assassino de todos os tempos.

-Eu ainda gosto de você! – gritou, jogando seu travesseiro sobre o chão e afundando seu rosto sobre suas mãos e sentando-se na beirada da cama. -Seu idiota! Por que você não está aqui? Você sempre me deixa. Mais uma vez. Eu odeio você!

E quando virou seu rosto para o lado, para observar a cama de Kurt, percebeu que havia um pequeno caderno em cima dela, Axl levantou-se e pegou o caderno, olhando algumas páginas rasgadas. Eis que ele lê:

Sabe, eu andei pensando esses tempos, acho que a princesinha não continua sendo a mesma, a cada dia que passa ele parece mais... parece se encaixar comigo. Como um bebê se encaixa no útero de sua mãe, como a morte se encaixa na hora certa, como nossas mãos se encaixaram nessa noite. Eu prometi para sua namorada que faria uma música para ela, mas eu não consigo, porque a cada coisa que eu faço, lembro, é para ele. Ele. Axl. William. Seja lá qual for a maneira que devo chamá-lo. Até por quê, amá-lo é mais fácil do que imaginei, porém, não é tão fácil conseguir estar feliz sem mentiras. Odeio ser o culpado dessa história. Amy não me merece como um amigo e eu não mereço o Axl mais do que isso. Às vezes acredito que era muito melhor estar...

Assim, Kurt encerrava, provavelmente iria escrever mais, porém, sua letra estava ruim. Dessa forma, Axl concluiu que Cobain estava cansado demais para terminar, ou foi interrompido por alguém. Ele tentou sorrir, mas doía. Doía ao pensar na possibilidade de Kurt não se importar com ele, agora. Doía ao lembrar de quando o beijou pela primeira vez. Por um curto momento, Axl viu-se arrependido por ter lhe amado. Mas logo depois, sabia o porquê lhe amava tanto. Por mais que tentasse esquecê-lo, Kurt sempre estaria em sua mente. O que eu faço com nós?, pensou, como consegue? Talvez, eu tenha que ir para uma clínica de reabilitação para me compreender.

Colocou as mãos na cintura, fechando seus olhos e tentando conter as lágrimas. Axl sabia que não era necessário chorar. Era apenas algo lá no fundo, que lhe deixava decepcionado com Kurt. Axl queria provar que estava bem, e que o loiro só estava sendo cavalheiro. Mas ainda sim, queria o mesmo, e agora. Queria vê-lo, tê-lo. Chega, repreendeu-se, faça algo.

Axl enxugou seus olhos e quando foi abrir a porta, viu Slash indo provavelmente em direção ao seu quarto. Mas o ruivo já havia aberto a porta.

-Will, o que foi isso? - perguntou parando em sua frente. -Por que falou daquela maneira com ela?

-Slash... eu preciso falar com uma pessoa agora, tudo bem?

-Não, Axl! Você pode falar comigo, só por um segundo? -Perguntou ele, com os braços cruzados e sério.

-Sobre o que quer falar, cara? -Questionou Axl, sentando em sua cama novamente.

O moreno fechou a porta e sentou ao seu lado.

-Eu sei que você odeia essa pergunta, mas, está tudo bem?

Axl apenas deu de ombros, e respondeu:

-Eu acho que não. E eu me odeio agora.

-Está tudo bem, cara. Olha, pensa pelo lado bom... Apesar de ter falado com a July daquela forma, você pelo menos tirou aquelas palavras que você sempre me disse que tinha vontade de dizer, pra ela, de dentro de você, não é?

-É, é verdade. Tem razão. Mas eu já havia prometido para a Amy que não iria gritar com ela, nunca mais. O que também queria dizer: não irei gritar com nenhuma garota, eu prometo. E olha a merda que eu fiz! Saul... como eu vou pedir desculpas pra ela?

-Espera aí... -Falou o moreno, colocando a mão no rosto de Axl.

-Ei, o que foi? Está louco? -Pergunta ele, empurrando a mão de Slash.

-Acho que sim... Axl! Você estava chorando?

-Ah merda! Estava, estava sim. E qual o problema? Caramba... você nunca chorou por acaso?

-Claro que já chorei! Você está se sentindo um merda mesmo! Axl, isso é incrível! E não faz a mínima ideia.

-Incrível? Saul, o que você tem?

-Eu nunca vi você chorar por motivos assim, só achei diferente.

Axl revirou os olhos, levantando-se e pegando algumas fitas que estavam dentro da sua mala.

-O que vai fazer? -Pergunta Slash, rindo e tentando identificar quais fitas eram.

-Ouvir Led Zeppelin, porque eu ganho mais! -Respondeu o ruivo, balançando a fita.

-Have A Cigarette?

-Não, claro que não! Essa é do Pink Floyd. E não é Have A Cigarette e sim: Have A Cigar! Quanto você bebeu? Como pode confundir essas coisas? -Pergunta ele, com os braços cruzados.

-Não, seu idiota! Eu realmente perguntei se você tem um cigarro, ou não?

Axl começou a rir, e Slash olhava aquilo sem entender, apenas esperando a resposta.

-Will! Tem ou não?

Axl abriu um sorriso, e piscou, gritando para Saul:

-Não! Vem, eu preciso de você, Slashed...

-Puxa, mas pra quê? Onde vai colocar essa fita?

-E... é aí que você e o Duff, entram na história. Enquanto eu e Izzy, procuramos um toca-fitas. E o Stee, vai trazer a July.

-Will, por favor... não vai ferrar tudo de uma vez. Por favor! Da última vez que...

-Ah! Saul! Esquece o passado, e vive o presente. Vamos procurar o Izzy e o Duff, rápido! -Disse ele, puxando Slash pelo braço, enquanto o moreno sentia medo do que iria vir daqui para frente.

Axl pegou a fita, guardou no bolso de seu jeans, enquanto puxava Slash, que tentava andar o mais devagar possível. Ele sabia exatamente o que Axl podia causar. E quando chegaram ao quarto em que Izzy havia ficado, só havia Steven, Hayley e Krist.

-Uma vez... eu e Hayley fomos roubar um cachorro da vizinha, porque o pobrezinho era muito maltratado.

Axl abriu a porta do quarto, que estava encostada, interrompendo a história de Steven:

-Stee! Onde está o Izzy e o Duff? -Pergunta decepcionado, e o casal olha para ele, rindo baixo.

-E eu vou saber? Acho que estão bebendo, fumando, sei lá... Devem estar por aí!

-Viu Axl? Esquece isso, e vamos ouvir a história do cachorrinho. -Disse Slash, se jogando na cama, ao lado do loiro.

-Obrigado, Hudson! Eu faço isso, sozinho! -Gritou Axl, com um sorriso irônico em seu rosto.

Krist e Hayley se entre-olharão, abaixando as cabeças e tentando segurar a risada.

-Axl, espera aí... -Disse Slash, levantando e tentando segurar em seu braço, mas o ruivo saiu apressado e batendo a porta.

-Esquece ele, Slash, e vem ouvi as histórias! -Falou Steven, e o moreno voltou.

-O que ele tem, Steven? -Perguntou Krist, franzindo o cenho.

-Hoje eu não estou entendendo absolutamente nada!

-É uma coisa dos ruivos, você não vai entender. -Disse Hayley, fazendo os garotos rirem.

-Sério? Você também é assim? Toda stressada? -Perguntou Saul, de olhos arregalados.

-Não, claro que não! Eu estava brincando... mas, o Axl é apenas uma criança, pelo que parece. E as crianças precisam de diversão, para se acalmar.

-Hum... e agora, ele está sem diversão nenhuma! -Disse o loiro, rindo.

-Por quê? -Perguntaram, confusos.

-A Amy, os dois terminaram de vez! Depois eu que sou burro!

-Ahhh... -Responderam em sincronia.

-Você que pensa, talvez ele ache a diversão dele ontem. -Falou a ruiva, se referindo a Kurt.

-É verdade. -Concordou Steven, e Slash assentiu.

***

July e Kurt, sentaram na borda da piscina, e cruzaram suas pernas. Enquanto isso, July encarava seu próprio reflexo que a lua fazia refletir sobre a água.

-A lua deixa tudo mais bonito. -Disse Kurt, olhando para ela.

-É, uma vez... minha quase namorada disse isso pra mim. Quase, pois nós acabamos juntas, só em uma noite.

-Então, você é bissexual, July? -Perguntou ele, e os olhos acinzentados e verdes da garota, lhe fitou.

-Não. Eu gosto de pessoas, Kurt.

E o grunge percebeu pela primeira vez, que seus olhos eram azuis. Ele espantou-se e aproximou seu rosto, para olhá-los mais de perto.

-July, seus olhos são verdes, ou azuis? -Perguntou ele, intrigado.

-Verdes-acinzentados, mas minha mãe dizia: seus olhos se tornam azuis quando você se sente feliz.

-E você se sente, agora?

-Sim, pato Donald.

-É um bom apelido, Julyzinha.

-Não, Julyzinha não! -Protestou a garota. Com um sorriso.

Kurt adorava fazê-la sorrir. Ele sentia que conseguia fazer algo, ser importante.

-Ok, desculpa... Eu sei que você não gosta dele, e também não quer falar sobre isso.

-Eu quero. Mas só com você. E agora, eu posso contar tudo o que aconteceu. Quer ouvir? -Perguntou July, olhando no fundo dos seus olhos, e Kurt engoliu seco.

-Claro, eu quero sim. July. -Respondeu, e a garota desviou o olhar para a água, novamente.

Ela fechou os olhos, sentindo o vento bater sobre o seu rosto. E respirou fundo, e devagar, começando:

-Quando a Amy conheceu o Axl, eu estava apenas sendo a boa amiga e existindo. Naquela época tudo na minha vida havia mudado, simplesmente tudo. E eu estava começando a conhecê-la.

-Como tudo, July? -Perguntou ele.

-Meus pais viviam brigando, ainda vivem, mas tudo diminuiu quando eu... - sua voz saiu falha, ela precisava chorar, mas prosseguiu: -Quando eu tentei acabar com tudo.

Kurt levantou seu olhar para observá-la, e passou o indicador sobre seu queixo, vendo as lágrimas nos olhos da garota. Ele sentiu que seus olhos também se encheram, logo após os dela.

-July, eu sinto muito. Tudo bem, se não quiser...

-Não, Kurt! Você precisa saber disso. Então, eu tomei alguns comprimidos, mas minha mãe chegou na hora que eu estava vomitando. Eu me arrependi e estava desesperada para tirá-los de dentro de mim.

-Você conseguiu?

-Alguns sim, mas minha mãe me levou de carro até o hospital. E eu lembro que tudo havia ficado escuro. Logo depois, eu acordei em um lugar estranho. Minha mãe me contou tudo, e eu fiquei alguns dias em observação.

-Isso foi antes de conhecer a Amy?

-Sim, foi. - disse enxugando as lágrimas. -Depois de muitos encontros entre ela e Axl, finalmente me esbarrei com ele. Duff. Foi engraçado, porque ele derrubou cerveja em mim. E eu quase o matei. Mas ficamos bem, depois. Acabamos que nos demos bem até demais. Éramos melhores amigos. Saímos, até o dia em que ele me beijou. Pois eu contei essa história pra ele. Até o dia daquela maldita festa, em que estávamos bêbados e chapados, mais do que costumávamos ficar. Aí, aquilo ia acontecer. E pela primeira vez comigo. Eu queria. Até o momento em que me lembrei de tudo, meu pai agredindo minha mãe, por chegar bêbado em casa. Eu chorando desesperadamente, desejando morrer. Naquele momento, eu conclui que o Duff só estava comigo por pena. E eu disse que ele me agarrou, coloquei toda a culpa nele. Fui uma idiota. Então, acabamos ficando brigados, mas foi tudo culpa minha.

-E o Duff? Ele sabe disso? -Perguntou Kurt.

-Não, mas por favor... não diz nada pra ninguém. E muito menos pra Amy. Nem Axl. Promete que não vai dizer?

-Prometo, July. Sabe? Meu pai tanbem é um merda comigo. Eu lhe odiva, mas eu acho que todo aquele sentimento foi embora. E espero que as coisas se resolvam entre seus pais e você. Eu não quero te ver... - Kurt parou de falar, ele sentiu seu coração apertar, e July olhou para ele negando com a cabeça. -Eu não quero. -Concluiu ele.

-Eu não tenho tantos motivos agora. E agora, eu tenho pessoas especiais do meu lado. Como você, Amy, Stee, Slash. Gostaria de ter Axl também. Mas ele tem motivos demais, também.

-Como assim, July? Motivos? -Perguntou o garoto.

July engoliu seco, e percebeu que havia falado demais. E disse:

-Nada, Kurt. Eu não posso, aquilo é algo muito delicado. Nem eu sabia, foi o Duff que me disse uma vez. Mas na verdade, só o Izzy sabia. E depois a Amy comentou por cima comigo. Só que eu não posso... É ele, o Axl que tem que dizer. Eu? Jamais. -Falou ela, inclinando a cabeça para apoiá-la no ombro de Kurt.

-Tudo bem, eu entendo. -Disse Kurt, abraçando a garota.

Ele havia ficado intrigado sobre o que Axl escondia. Mas aceitou o porquê de July, não querer contar.

-Kurt... - ela sussurrou, lhe olhando. -Eu queria que eu e o Axl pudéssemos nos dar bem. Eu odeio pensar que ele me odeia agora. Eu aceitaria suas desculpas, todos nós fazemos merdas. Só que elas podem ser consertadas.

Kurt olhou para July, e sorriu. Ambos estavam sentindo o coração quebrado do outro se esquentar com aquele abraço. Até ouvirem barulho de passos em suas direções e desfazerem o abraço, para observar que era.

-July, me desculpa... -Disse uma voz que fez Kurt arrepiar-se.

Axl, pensou ele.

-Tudo bem. -Respondeu a garota, sorrindo e levantando o olhar para o rosto dele.

Então, puderam ver o rosto de Axl, que aparentemente havia chorado. July levantou-se e o abraçou. O ruivo olhou para Kurt e o loiro sorriu, feliz com sua atitude. E Axl fechou os olhos, retribuindo o abraço.

-Desculpa... -Sussurrou ele, mais uma vez.

-Tudo bem, William. Todos nós fazemos besteiras. -Concluiu July, saindo do abraço, com um sorriso melancólico no canto de sua boca.

-Eu posso falar com o Kurt, um minuto? -Perguntou Axl a July.

-Claro, já vou dormir. Boa noite, meninos. -Disse e os dois acenaram.

A garota se abraçou, e foi para dentro.

Kurt olhou para Axl, que ainda olhava July, e disse:

-Está tudo certo, não precisa se desculpar pela July, você fez o certo...

-Não é isso, Kurt. - disse Axl, interrompendo o garoto. -A verdade é que eu menti pra você.

O ruivo abaixou o olhar, e sentou de frente para Kurt, esperando o mesmo dizer algo.

***

Izzy e Duff, estavam sentados na cama de Axl. Enquanto isso, riam, se lembrando das coisas que já passaram. E logo depois, Izzy pergunta:

-Duff, o que acha que vai acontecer amanhã?

-Como assim, Jeff?

-Eu não sei. Será que vamos esquecer de tudo isso? Do beijo?

-Lógico que não. Você acha?

-Não, eu não acho, McKagan.

-Eu nunca vou esquecer disso. -Disse deitando-se, enquanto olhava para lugar nenhum.

-Eu também não. -Disse Jeffrey, pegando sua fita do Led Zeppelin em seu bolso.

-O que vai colocar? -Perguntou Duff, enquanto via Izzy se levantando e pegando o toca-fitas de Kurt, provavelmente.

-Led Zeppelin. Stairway To Heaven.

-Ah, eu amo essa música. Coloca rápido. -Disse ele, apoiando seu cotovelo sobre o colchão, para vê-lo.

Izzy colocou e em seguida, a música começou a tocar. Ele retirou dois cigarros de dentro do bolso da sua calça.

-Ei! -Gritou Duff.

-Toma! - disse Izzy, entregando um cigarro a ele. -E agora, aprecie a voz de Robert Plant.

Jeffrey deitou ao lado do loiro, e Duff ajeitou-se, para dar mais espaço ao garoto.

Finalmente conseguiram ficar confortáveis. E fecharam seus olhos ouvindo a canção, e tragando seus cigarros.

-Izzy? -Perguntou Duff.

-Sim?

-Acho que é a primeira vez que eu gosto de alguém. É tão estranho.

Eles abriram um sorriso, e o menor respondeu:

-Comigo também está sendo estranho.

-Mas eu me sinto feliz, e idiota. Você também?

-Eu também. -Respondeu Jeffrey.

-Obrigado, Jeff. - sussurrou ele, olhando para Izzy, com um sorriso bobo em seu rosto. -Você vai dormir aqui?

Ele apenas olhou para Duff, e assentiu. Ambos fecharam os olhos, e o punk deitou a cabeça sobre o ombro de Izzy, e sentiu o mesmo mexer em alguns fios do seu cabelo. Até a música chegar ao fim e os garotos apagarem seus cigarros, dormindo rapidamente.

***

Hayley sentia seus olhos arderem, pelo sono, então, despediu-se de Steven e Slash. Krist fez o mesmo, acompanhando a namorada. O casal saiu rindo das histórias dos garotos. E por fim, Hayley pediu que Krist ficasse. A ruiva fechou a porta devagar para não acordar a garota que dividia o quarto com ela. E Krist sentou em sua cama.

-Viu? Eu disse pra não se preocupar com o Duff. -Sussurrou ela, sentando ao seu lado.

-Ok, você estava certa. Mas sabe? Você é minha garota, então... Não! Não "minha", mas acho que entendeu. Sem querer ser machista.

-Tudo bem, Chris. Eu entendi. -Respondeu ela, com um sorriso.

-Posso te contar uma coisa? -Perguntou Krist, olhando para ela.

-Claro, conta.

-Quando você disse que queria falar comigo, eu fiquei como um idiota, desacreditado. Eu só queria vir a esse acampamento pelas garotas. Um babaca? Sim. Mas acabou que eu resolvi dar uma chance para aquela garotinha ruiva. Então, eu quando vi você, pensei: ah, ela nem é aquelas coisas. Mas é bonitinha.

-Ah! Eu não acredito, Krist! -Gritou ela, batendo em seu ombro.

-Não grita! Vai acordar ela! -Disse ele, apontando para a garota que dormia.

-Ah senhor Novoselic....

-Deixa eu terminar... Só que depois que eu te conheci, você se tornou a garota mais linda que já vi. E eu juro... eu fiquei apaixonado. Às vezes, eu olho pra você e vejo o quão idiota eu fui por pensar aquilo. E eu só queria que você soubesse isso, porque quando duas pessoas se amam, elas não mentem uma para outra. Eu amo você, Hayley.

Ela olhou para Krist, e com um pequeno sorriso, disse:

-Eu te amo, também. E eu acho que eu nunca disse isso a ninguém, nem para o meu pai. É a primeira vez.

Krist riu e a abraçou. Sussurrando:

-Só espero que ele não me mate, por ser o primeiro.

***

Kurt apenas suspirou, e perguntou:

-Você quer dizer a verdade?

-Sim, você precisa saber. -Respondeu Axl, respirando fundo, e olhando para o céu estrelado.

Kurt chegou mais perto dele, e sorriu, ainda vendo ele observar o céu.

-Quando eu disse pra você que meu nome era William Axl Rose, eu menti. -Disse ele, olhando para o loiro.

Cobain não entendeu o porquê de Axl ter mentido o seu nome, e pergunta:

-Sim, mas por que fez isso? Apesar de não estar bravo com você por isso.

-Eu fiz isso, porque eu não sou um filho tão incrível. E eu realmente não sei se aquilo é meu pai ou um monstro.

-Mas então, qual o seu nome Axl?

O ruivo olhou para a água azul da piscina, e contendo as lágrimas, respondeu:

-William Bruce Bailey. Mas a verdade é que eu me chamo: William Bruce Rose Jr.

Kurt estava completamente confuso. Mas lhe deixou continuar.

-A minha mãe não é uma das melhores, e muito menos em relação a escolha de namorados.

O grunge riu baixinho, pois sua mãe também era exatamente assim. E Axl prosseguiu:

-Foi difícil pra mim perceber que eu estava sendo enganado por todos. Porque aquele cara que eu chamava de pai, era só um cara que estava com a minha mãe.

Kurt olhou para ele, e perguntou:

-Então, você quer dizer que ele era seu padrasto. E sua mãe não tinha coragem de te dizer que ele não era seu pai?

-Sim, exatamente, Kurt. Mas depois eu descobri, graças a alguns papéis e fui tirar satisfações. Porém, ele apenas me xingou e tentou me bater. Só que dessa vez, eu não deixei.

-E sua mãe? -Perguntou o garoto, e Axl deu de ombros.

-Ela não disse nada, ela apenas chorava. Mas eu fugi de casa, e o Jeffrey me acolheu.

-O Izzy?

-Sim, ele. E agora eu tenho um lugar pra viver. Porque antes...

-Mas Axl... - disse Kurt. -E os nomes, ainda estou confuso.

William olhou para Cobain, e enxugou os olhos, dizendo:

-Quando eu nasci o meu nome ficou William Bruce Rose Jr, pelo o meu pai biológico. Mas aquele filho da puta, nos abandonou quando eu era pequeno, e...

Axl não conseguia falar, sua garganta doía. Ele precisava chorar. Kurt ficou ao seu lado, e o abraçou, sentindo seus olhos se encherem, Kurt sabia que aquilo era doloroso para o ruivo.

-Mas depois ele acabou mudando pelo o idiota do meu padrasto. E eu acabei mudando meu nome por conta própria, mas eu queria que tudo fosse mais fácil.

-Sabe, John Lennon dizia: viver é fácil com os olhos fechados. Então, nós precisamos muitas vezes abrir os olhos e encarar o mundo. Ou então, não iremos viver como desejamos. Meus pais sempre tiveram problemas no casamento, até o dia em que eles se separaram, eu senti ódio de cada um com todas as minhas forças. E eu fui morar com o meu pai, só que nós éramos opostos, e orgulhosos. Por fim, eu voltei a morar com a minha mãe. Assim, eu percebi que eu precisava aceitar isso, e parar de odiá-los. Eu me distanciei do meu pai, por causa da minha mãe, mas eu percebo que ainda o amo. Apesar de tudo. E minha mãe também vivia com homens estranhos, até o dia em que ela me viu chorar, pois um dos meus inúmeros padastros havia batido nela. Sendo que eu não consegui fazer nada.

-Você tem toda a razão, Kurt. Sinto muito pela sua mãe, fico feliz que se dão bem, agora. Mas eu não consigo amá-los. Eu já tentei, mas é terrível. Você deve estar me achando um idiota agora. Desculpa... mas eu só consigo amar você. Pela primeira vez, eu amo alguém de verdade, Kurt.... e essa pessoa é você.

Os dois se encararam por um curto tempo, e uma lágrima solitária desceu pelo rosto de cada um. Kurt sorriu e Axl fez o mesmo, vendo o loiro fechar os olhos e sentindo os lábios do mesmo tocarem nos seus.




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