Capítulo 26 - Dazed And Confused
-Ele tem? -Perguntou confuso e com um sorriso.
-Tem. E sempre teve.
-Eu estou muito bêbado? -Perguntou Izzy, envergonhado e olhando para a blusa de Duff.
-Não estamos. A ponto de...
-De...? -Pergunta, olhando nos seus olhos.
Pela primeira vez naquela noite, os olhares haviam se cruzado. O moreno suspirou, e abriu os lábios, tentando dizer algo. Porém, ele percebeu que não precisava dizer nada, agora não.
Talvez para Duff o seu único refúgio fosse Izzy. Ele não tinha tantos conselheiros bons, como gostaria, Axl sempre esteve trancando com Amy em um quarto. Slash e Steven tentavam encontrar garotas por aí... ou bebidas. Ele sabia que também já havia feito muito isso, mas agora ele sentia-se cansado.
Para Izzy, o loiro podia ser um grande idiota, contudo, ele sabia que Duff era o que mais lhe fazia se divertir, e entrar em seus sonhos. Por incrível que pareça, ele já havia imaginado algo parecido, mas achava que era de tanto os outros falarem de coisas entre homens, das quais sempre ironizaram, que ele acreditava pensar coisas parecidas com Duff. Era e agora é real.
Para McKagan não havia mais os sorrisos que um trocava com o outro nos jogos de vídeo games, muito menos aquele olhar que quando se aproximava causava uma sensação estranha dentro de si.
Duff e Izzy estavam cada vez mais próximos do outro, ambos sentiam uma nova sensação dentro de si, uma mistura de medo, uma grande confusão.
Izzy sabia que seu amigo podia ser um grande idiota, mas também podia ser a única pessoa que iria te fazer rir e que algumas vezes já lhe fizeram pensar em coisas irreais, e se fosse real? Ele... era real, mas não do jeito que podia ser, do jeito que era. Seus olhos eram tão bonitos, seu sorriso. Seu jeito de explicar as coisas, de ficar irritado. Sua mente continha listas e listas, das coisas que mais gostava nele. Era só uma lista e o loiro não fazia a mínima ideia da sua existência. Talvez, isso deixasse o garoto triste, de certa forma, e tudo fosse só perguntas vagas e loucuras idiotas da sua cabeça.
Por algum motivo, ele fechou seus olhos e viu seus lábios próximos. Os seus olhos estavam tão bonitos, eles brilhavam e o verde, droga, era... lindo. E tudo acabou, quando aquela voz surgiu do mesmo jeito quando conheceu um cara engraçado, que não disse olá como todos dizem e sim: "Quer uma cerveja?". Era como se aquela noite fosse a melhor da sua vida e tivesse encontrado alguém que lhe entendesse, completasse e o pior: apaixonasse.
-Izzy? -Perguntou, sussurrando perto do seu ouvido.
Um arrepio e um espanto, rapidamente tomaram conta do seu corpo, respondendo automaticamente, com a voz trêmula:
-Oi... Desculpa.
-Estava viajando? Posso saber o que estava pensando? -Pergunta, sorrindo.
Ele também sorriu, era a famosa consequência dos sorrisos.
-Não pode. Mas fique tranquilo, era algo bom.
-Isbell, eu estava curioso. -Disse bufando e olhando para seus sapatos.
-Fique tranquilo, você vai descobrir logo, eu acredito.
O mais alto, observou suas mãos e viu que Izzy estava calado, apenas com as respostas simples. Ele queria mais, ele precisava de mais, ele precisa de um...
-Beijo. -Falou, olhando para seus cabelos e descendo até seu pescoço, subindo para seu queixo e chegando até seus olhos.
-Duff? -Perguntou, assustado olhando somente em seus olhos.
O que está acontecendo com nós? Pensavam. Eu gosto dele. Ele parece que é a única coisa que enchem meus pulmões de ar e ao mesmo tempo, não os deixam me fazer respirar. O tempo parou, seus lábios estavam levemente abertos e seus olhos brilhavam como as estrelas do céu daquela maldita noite, em que se conheceram. Seus corações batiam mais rápido, e se acalmavam a cada vez que sentiam um imã atrair seus corpos para mais perto.
Assim que Duff fechou os olhos e o verde escuro desapareceu, suas mãos se entrelaçaram e pela primeira vez naquela noite, Izzy pôde fechar seus olhos sem se perguntar se ele era real, como deveria ser. Ele era. Ele estava lá.
Seu gosto, suas mãos, sua pele e seu beijo, estavam em uma combinação perfeita. O ar envolta deles era como um verdadeiro nada, nada ali era real. Só existia uma coisa real: Seus lábios.
O moreno segurou em suas mãos mais forte e sentiu um peso sobre seu corpo, algo que lhe fazia congelar, mas o calor que possuía, esquentava tudo, desde sua pele até aquele beijo. Droga, aquilo era tão viciante. O álcool era bom, pela primeira vez.
Stradlin respirou fundo e finalmente relaxou seu corpo, e naquele momento Duff parou, olhando para ele e apoiando suas mãos sobre o colchão.
-Está tudo bem? -Pergunta, abrindo seus olhos.
-Eu só queria... Esquece. -Respondeu, balançando a cabeça.
-O que você quer?
-Eu só... Podemos ir para outro lugar, Izzy?
-Onde você quer ir? -Perguntou rindo, enquanto ele apontava para Steven e Slash que dormiam e roncavam.
-Vem!
McKagan puxou ele pelas mãos, e fechou a porta devagar. Enquanto Izzy seguia Duff, não conseguia parar de sorrir, era involuntário.
-Onde vamos agora? -Perguntou impaciente.
Enquanto isso, July tentava encontrar seu quarto. A bebida deixava-lhe tonta e com a visão embaçada. Zonza e confusa. Finalmente encontrou seu quarto, abriu a porta com cuidado e entrou, tentando ser mais silenciosa possível. Encostou a porta com delicadeza e lá estava ela... de bruços e tentando conter o choro. A loira chorava a ponto de soluçar e suspirar com angústia. Afundava seu rosto em seu travesseiro e gritava ao mesmo tempo, tentando se acalmar. July cuidadosamente sentou-se na cama e passou a mão sobre seu cabelo, porém, não tinha a mínima ideia do que dizer.
-Amy... está tudo bem? -Perguntou com a voz baixa.
-Não está! Não está vendo? -Respondeu com raiva.
-Desculpa, você quer conversar?
-Não, quero que saía daqui. Agora!
-Mas Amy... Eu tenho que dormir.
-Vai falar com o Izzy! Aquele idiota! Ou até mesmo o amiguinho dele!
-Eu posso te ajudar. -Falou, levantando e se aproximando do seu rosto.
-Não! July! Vai... Por favor. -Disse acalmando-se e caindo no choro mais uma vez.
Pela primeira vez, ela viu a amiga mal a ponto de não querer sua presença por perto. Mas, como pedido, ela saiu e a deixou. Talvez fosse melhor assim.
Quando July saía do quarto e ia em direção a cozinha, viu Kurt rindo e espantado. Ele estava assustado e ao mesmo tempo admirado.
-Kurt? - perguntou indo em sua direção. Assim que escutou sua voz assustou-se e afastou da porta. -O que está fazendo aí?
-Nada July! Só estava sem sono.
-E por que estava no quarto do Izzy?
-Nada, eu só passei por aqui.
Desconfiada, cruzou os braços e riu.
-Está bem, vou fingir que acredito.
-Mas estou dizendo a verdade. Juro!
-Como quiser, Kurtizinho.
Eles riram e ela encarou ele por alguns segundos, tentando planejar alguma frase certa.
-Ainda está bêbado, chapado ou até mesmo morto?
-Estou. Quer perambular por aí?
-Sim, vamos! -Respondeu, saindo junto com ele.
Eles ainda estavam calados, contudo, Kurt adoraria saber um pouco mais sobre ela.
-July? Posso fazer uma pergunta?
-Claro! O que quiser... Menos sobre mim!
-Ah! - falou, surpreso e fechando seus olhos enquanto riam da sua última frase. -Por que não gosta que perguntem sobre você?
-Bem, eu não sou interessante. Então, não gosto de ter que ser inteligente para responder perguntas.
-Entendo, então qual são seus filmes favoritos? -Perguntou, porém, sentia-se um idiota.
Que pergunta sem graça, pensou.
-Tá, vamos! Pode perguntar sobre mim. -Respondeu ela, sentando no balanço velho que ficava um pouco distante dos quartos onde ficavam.
O céu estrelado e dois bêbados balançando para frente e para trás, como crianças dos anos sessenta.
-Posso mesmo? Se não quiser responder...
-Tudo bem! -Sussurrou alto, interrompendo o garoto.
-Pode parecer uma pergunta inconveniente. Mas você já gostou de algo proibido?
-Proibido? -Questionou ela, olhando para o nada. Ainda atenta em seu transe, assentiu.
-Já, seja lá se for ou não, proibido.
-Que tipo de proibido? -Perguntou, curioso.
-Kurt, o Izzy te contou, não foi?
Ele engoliu seco e olhou para ela, com os olhos arregalados e parando o balanço devagar. Observou ela por alguns instantes e respondeu:
-Sim. Como sabe?
-Eu vi vocês conversando na festa.
-Claro. Desculpa pela pergunta.
-Tudo bem, Kurt... Kurt o quê?
-Kurt Donald Cobain.
-Donald! Eu gostei. Me lembra o meu personagem favorito no Mickey.
-Pato Donald. É, ele é um pouco rabugento, não acha? -Pergunta, olhando para seus tênis e olhando para as cordas do balanço. Ele tinha medo, elas podiam arrebentar. Velhas demais.
-Sim, às vezes. Mas todos somos.
-Tem razão. -Concordou, sorrindo para ela e a garota retribuiu da mesma forma.
-Ainda tem cigarros? -Perguntou, apontando para os bolsos do seu jeans.
-Três! Tudo bem?
-Ótimo. -Responde, animada e retirando um isqueiro do bolso de trás da sua calça.
Ele retirou dois cigarros, entregando um à ela e em seguida, colocando um entre seus dedos. July colocou seu cigarro nos lábios e posicionou o isqueiro, acendendo aquela droga que mataria mais devagar do que esperava. Entregou o isqueiro para Kurt e ele fez o mesmo, devolvendo para a garota em seguida.
-July... Você já pensou como as coisas seriam boas?
-Sim, todos os dias. Eu adoraria que o tempo parasse agora e só existisse nós aqui. Poderíamos ligar Led Zeppelin o mais alto possível, sem que ninguém viesse dizer: Crianças desliguem isso! Vão já para a merda dos seus quartos. -Responde, imitando a voz de Mickey.
-Uau! Você é boa com as imitações! Estou impressionado. -Falou batendo palmas.
-Obrigada. Mas não se impressione demais. Nem tudo é o que parece.
-Tem razão, July.
Ouviram a porta da frente ser aberta, e uma silhueta apareceu em seguida, provavelmente masculina. Com um cigarro entre os dedos, jogando as cinzas sobre a grama, virou de costas para eles, colocando a mão sobre a cintura e suspirando. Pelo que parecia, aparentemente cansado.
-Ei, psiu! Você aí! -Disse July, batendo palmas logo depois.
Assustado ele virou-se para frente, andando em suas direções, por fim a luz do poste bateu sobre seu rosto e puderam ver Steven.
-Oi galera. O que fazem aqui? -Perguntou, sorrindo e sentando sobre a grama de frente para eles.
-Nada, eu acho. E você? Não deveria estar dormindo? -Pergunta a garota, desconfiada e com um sorriso irônico em seu rosto.
-Deveria. Mas a noite foi longa e uma decepção, não acharam?
-Sim. -Responderam, desanimados.
-Pois é. Até perdi meu sono, a propósito como Amy está?
-Bem, Stee. Na verdade mais ou menos. Por um lado ela está bem, pois o namoro desgastante chegou ao fim. Porém, o Jeff não fez o que ela esperava e o Axl ainda disse aquilo, os dois magoaram ela mais do que tudo.
-Eu imaginei. Espero que as coisas se resolvam.
-Resolvam como?
-Ah sei lá. Os dois voltem...
-Não fala uma coisa dessas! Tá doido? Jamais! Aquilo já deu. Fora que as minhas velas já estão sem parafina.
-Ok, July. Vocês e suas piadas sem criatividade. -Falou o loiro, revirando os olhos.
-Obrigada pela consideração. Steven.
Kurt olhou para July, enquanto a garota tragava seu cigarro vagarosamente. Olhando a fumaça se espalhar, como se aquilo fosse um ouro. E disse, retirando ambos do seu transe, pela fumaça:
-Eu pensei que vocês fossem uma espécie de inimigos também.
-Acreditem ou não. Não somos! A July só não suporta o McKagan.
-Não Kurt. Você disse merda, Stee. Eu suporto o Duff! O problema é que... não gosto dele.
-Entendi. Por quê? O que aconteceu para você não gostar dele? -Perguntou o garoto, curioso e arrancando um sorriso de lado do rosto da garota.
O tipo de sorriso que ela sempre fazia, do qual diria: Você não me conhece e nunca conhecerá. Em seguida, ela entregou o cigarro, que já estava na metade para Steven. E o mesmo tragou rapidamente aquela droga que estava matando cada um ali, devagar. Então, ela pergunta, ainda encarando o cigarro:
-Você não se interessa por isso. Interessa?
-Não. Quero dizer... Sim! Me interesso.
-Kurt, a vida é complicada. Somos complicados. E você?
-Sou complicado, também.
-Pois bem... As coisas se tornam erradas às vezes. E com nós foi assim. Sabe? Ele era diferente de mim. Mas eu também não era a garota que se encaixava exatamente como deveria.
-Esse não seria o certo? O lance de serem diferentes. Dos opostos?
-Seria. Porém, nós não éramos do tipo ímãs, dos quais se atraem. Mas sim, os que repelem.
-Certo. Continue senhorita.
-Continuando senhorito. Essa palavra existia? -Perguntou ela, olhando para Kurt, com o cenho franzido.
-Em meu dicionário, sim! -Respondeu Steven.
-Certo... Continuando! Quando a Amy conheceu os meninos, no caso especialmente o idiota do Axl! A propósito... Quero deixar bem claro que eu avisei que ele era idiota! Minha intenção nunca falha.
-É verdade, Kurt! A Julizinha, é uma espécie de Bruxa. -Disse o garoto, fazendo-os rirem.
-Obrigada, Stee! Eu sou uma espécie de bruxa do século XIX, sabe? Meus poderes são mais fortes do que imagina. Mas não se preocupe, eu não vou matar você, Cobain!
-Fica aliviado em saber isso! Obrigado pela informação, assustadora.
-De nada. Mas vamos voltar para o Michael. Como dizia... Eu estava com Amy quando ela conheceu os idiotas. Não sinta-se ofendido Steven. Você é um amorzinho. - falou ironizando e ele assentiu, dando de ombros e rindo baixinho. -Eu confesso com muita pena que também havia ficado "apaixonadinha" pelo Axl. Foi algo nem um pouco legal. Não me orgulho disso. E ainda me pergunto como?
-Ah não se culpe, às vezes as garotas preferem os ruivos. Sabe? Vermelho? Fogo? -Perguntou Adler, apagando o cigarro na grama e jogando em seguida para trás.
-É, Steven tem razão. Nós também curtimos as garotas ruivas. -Disse Kurt, sorrindo e fazendo July bufar.
-Qual foi, irritadinha? Vai me dizer que não gosta dos ruivos? -Pergunta Steven, apoiando seus cotovelos sobre o chão e cruzando suas pernas. Enquanto encarava a garota, com um sorriso.
-Não. Isso é uma idiotice. - respondeu cruzando os braços e balançando os ombros, de forma provocadora. E naquele momento sua expressão mudou completamente, pois havia se recordado de algo. -Ah Kurt! Lembrei de uma coisa! O Steven uma vez namorou uma garota ruiva. Mas sabe o que ela fez?
Surpreso o grunge abriu a boca, e interessado, perguntou:
-O quê?
Steven tentou impedi-la, fechando a cara, mas ela não se importou e continuou:
-Ela pegou o Axl, o Slash, o Izzy... E os idiotas nem faziam ideia. Acredita?
-Sério?
-Sim, Kurt! E o pior... Eu gostava dela. Eu claramente vi ela primeiro, porém, tentava manter um segredo. Sabe? Ninguém fazia ideia de que ela era minha namorada. -Respondeu Adler, confirmando e suspirando.
-E o pior! Não essa foi demais! Ela foi a uma festa com o Slash e aí... Ela não fazia a mínima ideia de que eles estariam lá. E foi aí que toda a verdade foi revelada. Um queria matar o outro, mas o Duff gritou, como sempre tentando apaziguar as coisas: Ei! Chega! Galera! Vocês não faziam ideia disso, certo? Somos todos amigos, calma... Vocês têm que matar a... Steven qual era o nome dela?
-Sei lá! Me esqueci completamente.
-O Axl chamava ela de Rocket Queen. Não me pergunte por que. Então imagina que é isso! Bem, então ele disse: Matar a Rocket Queen. Não o outro, né? Seus idiotas!
-Certo, mas e o Duff? Ela também não ficou com ele? E quer dizer que ele que tenta amenizar as brigas? -Perguntou Kurt, rindo da forma que July contava a história, toda espontânea.
De repente ouviram alguém correr na direção deles, gritando e ofegante:
-Não, porque o senhor McKagan estava tentando outra coisa! Outro lance!
Assim que eles olharam para a pessoa, a garota fechou a cara, contendo sua raiva. Perceberam que era Slash e um alívio surgiu em cada um. E assim, ela responde:
-Vá se ferrar, Slash!
Steven riu e disse, negando com a cabeça:
-Não! Agora o Kurt vai ouvir a história. Prossiga Saul...
Ele sentou na grama ao lado do loiro e riu da garota, falando:
-O que aconteceu foi que o Duff e a estressadinha já se amavam, então ele só focava nela. Até que ele era fiel, não é Stee?
-É verdade! E além disso, os dois ficavam provocando o outro, só para não desconfiar nós. Mas a gente via os beijinhos que ele mandava para ela. E July sorria, toda envergonhada! Não é senhorita?
-Olha aqui, calem suas bocas! Kurt isso é uma grande mentira. Besteira, que os dois ficam inventando. Porque eu pelo menos tinha uma pessoa certa. Não é meninos? -Perguntou ela, chutando o pé de Steven.
Eles riram e juntos disseram:
-Ela assumiu!
Kurt olhou para ela, como se tivesse levado um choque, sussurrando para não gritar:
-Então vocês ficaram juntos mesmo!
Naquele momento July arregalou os olhos e ergueu-se. Ela assustou e percebeu o que tinha falado, respondendo:
-Idiotas! Se vocês querem que eu diga: sim! Eu digo: sim, sim!
-Há, eu sabia! Por que esconderam esse tempo todo? -Perguntou Slash.
-Ah... Não é algo pra sair expondo para todo mundo. E foi algo rápido, sem compromisso. Ele deve estar pensando em uma garota, ou até mesmo com uma agora. -Respondeu, e fez uma careta. Fechando os olhos e rimos.
-É falar nisso... Onde está o Duff? -Pergunta Steven.
-Ah! - responde Kurt, rapidamente. -Com uma garota! Como a July disse.
-Será? Ele estava no quarto quando você saiu?
O garoto não sabia o que dizer. Por mais que não tivesse nada com isso, deduziu que Izzy e Duff não gostariam de ser descobertos assim. Limpou a garganta, dizendo:
-Não, eu vi ele entrando no quarto de uma menina. Mas não conheço ela.
-Eu não disse? -Falou July, apontando para Steven.
E aquela conversa durou por muito tempo.
-Eu juro que eu mato aqueles idiotas! Que droga!
Dave ouviu um copo de vidro ser quebrado. Tentou seguir o barulho e assim que correu chegando mais perto do provável quarto. E ouviu um choro. Uma garota, pensou. Logo que viu o número do quarto, lembrou-se de Amy.
Bateu na porta, e sussurrou:
-Tudo bem?
Ele percebeu que a garota segurou o choro. E não respondeu nada. Porém, insistiu:
-Pode parecer uma pergunta idiota, mas está tudo bem? Posso entrar?
Um silêncio permaneceu, e ele continuou ali. Ela não parecia nada bem. Dave ouviu a garota suspirar.
-Quer conversar, Amy?
O garoto tentou desistir, mas não deu certo. Disse a si mesmo que permaneceria ali. Até que ela lhe ouvisse. E finalmente ela respondeu, enxugando seu rosto, como se uma luz surgisse:
-Dave?
-Oi! Sou eu! -Responde animado, e a garota percebe pelo seu tom de voz, abrindo a porta. E sorriu.
Seus olhos estavam mais azuis, eram cinzas especificamente. Seu sorriso era triste e ela abraçava a si mesma.
Naquele instante Grohl queria abracá-la e nunca mais soltá-la. Mas não sabia se devia ou não fazer isso. Apenas olhou para ela, e gaguejou, tão nervoso a ponto de sentir seu corpo tremer por dentro:
-P-Posso entrar?
-Tanto faz. -Respondeu ela dando de ombros.
Ele entrou e cruzou os braços, respirando fundo. Observou a loira sentar na cama e abaixar a cabeça, calado. Envergonhado, sentou ao seu lado.
-Quer alguma coisa? Sabe... Comer?
-Não... -Respondeu com um tom de voz vazio.
Ela colocou seus cabelos para trás e enxugou seu rosto com as palmas das mãos. Por fim, levantou-se e bateu as mãos sobre as coxas e fechou os olhos. Disse, de forma espontânea:
-Preciso de um banho! Pode sair.
-Mas... Como assim? -Perguntou, assustado com sua mudança de humor.
-Garoto do caderno! Pode ir. De qualquer forma, obrigada! Até amanhã.
-Você está melhor?
-Estou sim. Tchau. -Responde, indo até o banheiro.
Ainda assustado, levantou e abriu a porta. Tentou entender o porquê da garota ser tão dura com ele. Mas ignorou. Fechou a porta e ignorou. Estranho e estúpido, zonzo e confuso, pensava sem parar. Idiota, Dave idiota, Iludido, falava consigo mesmo.
Por outro lado, ainda havia um casal. Um casal de verdade que ainda estava junto. Ainda estava se dando bem. Aquele casal que não possuía medo, ou um desejo proibido, mentiras. O quase casal perfeito, e você entenderá por quê.
-Está vendo! Todas as minhas chances foram perdidas! -Reclamava Hayley. Jogando todas as suas cartas sobre a cama de Krist.
-Não! Você roubou! -Falou ele, pegando as cartas e embaralhando mais uma vez.
-Roubei? Não esse jogo está todo errado! De onde você tirou que o sete é o coringa?
-O Kurt que disse uma vez! Eu sei lá por quê.
-Acho que estamos bêbados, por esse motivo não está certo.
-Tem razão esse jogo é louco! E nós estamos piores ainda.
Os dois deitaram sobre a cama, e olharam para o estrado de madeira da cama do Kurt. Ainda apertados e suspirando, Hayley apoiou seu cotovelo sobre o colchão, observando Krist e perguntando:
-Quer fazer alguma coisa? Está um tédio, não acha?
-Sim. Vamos procurar comida! Estou com fome.
Animados levantaram e abriram a porta devagar, o garoto saiu na frente e ela logo atrás, fechando a porta.
-Krist! Onde vamos achar?
-Não se preocupa, vem! -Respondeu, segurando em sua mão.
Eles correram por todo o corredor, até que ouviram uma voz que ecoava no fim. Olharam para trás e Axl corria em suas direções. E pergunta, assim que chega mais perto deles:
-Vocês viram o Kurt?
-Não, Axl. Achei que ele estivesse ido falar com você. -Respondeu Krist.
-Eu vi ele sair para fora com a July. Mas não sei onde foram. -Disse Hayley.
-Ok, de qualquer forma... Obrigado. -Falou virando de costas e saindo.
-Espera aí! - gritou ela, fazendo o ruivo olhar para trás. -Não mágoa ele dessa vez. Ok? Eu não conhecia ela, mas não quero ver ninguém triste de novo.
-Eu sei... Eu vou conversar com ela. Porém, antes eu preciso explicar as coisas pra ele.
-Boa sorte. -Disse Novoselic.
-Obrigado galera!
Eles sorriram e Rose saiu, mas ainda escutou Hayley gritar:
-Felicidades ao casal!
Axl riu e acenou. Indo para fora e vendo o que não esperava.
Krist e Hayley riam, e assim que viraram para trás, Dave estava de boca aberta e os braços cruzados. Logo perguntou:
-Casal?!
O baixista olhou para a namorada com medo e ao mesmo tempo espantado.
-Galera! Vocês não acham que esse acampamento está um tédio? -Pergunta July.
-Tem razão, estressadinha. -Concordou Slash.
-Também acho. -Responderam os loiros.
-Sabe... Andei pensando. O que acham de fazermos uma espécie de fuga?
-Fuga, como assim, July? -Perguntou o moreno, confuso.
-Bom, nós iríamos fazer um acampamento de verdade. Nada dessa merda de pousada. Barracas, fogueira. Violão. E mais... Vocês trouxeram barracas, certo?
-Sim. -Responderam, animados com a ideia.
-E então, o que acham? Gostaram?
-Ótima ideia, bruxinha. -Respondeu Steven.
-É, gostei. Havia pensado o mesmo que você. -Afirmou Kurt.
Slash fez o mesmo e ela continuou:
-Além disso, como não podemos ouvir músicas descentes aqui, iremos ligar a Immigrant Song do Led Zeppelin. E assim que a música tocar, todos nós corremos. Porém, nada de enrolar, fiquem preparados. Iremos fugir às dez e meia. Beleza?
-Uau, você pensou até na trilha sonora, como? -Perguntou Cobain.
-É meu talento. Magia.
-Immigrant Song, é maravilhosa para uma fuga. Led Zeppelin é o paraíso. -Falou Slash.
-Eu sei, tudo bem para vocês?
-Claro! -Responderam em coro.
-Ok, Kurt você avisa os seus amigos. Steven e Slash avisem... Não, calma não avisem o Duff, Izzy e nem o idiota, certo?
-Por quê? -Perguntam, indignados.
-Vocês são burros? A Amy! Amy, galera! Se ela ver o Axl e o Izzy ela vai ficar terrível.
-Tem razão, mas e o Duff? -Pergunta Kurt.
-O problema é que o Duff vai falar com o Izzy, certeza.
-Ah é verdade! Então seríamos só nós?
-Não, porque eles irão ficar preocupados, mas... Eu vou falar com a Amy. Fiquem tranquilos, eu vou falar com ela primeiro e depois digo.
-O que vai falar com ela? -Perguntou uma voz fria, da qual só viam a silhueta.
-Quem é? -Pergunta ela.
-O idiota! -Respondeu Axl e puderam ver seu rosto, ele também estava triste não podiam negar.
-Até você? Hoje vai chover! Ninguém dormindo. E um idiota se metendo onde não devia! -Disse ela.
-July, se acalma aí! Beleza? Eu não vim brigar com você, só quero falar com o Kurt.
-Oi Axl! -Falou o loiro, abaixando a cabeça e com um pequeno sorriso.
-Então por que respondeu minha pergunta? -Pergunta levantando-se e encarando o ruivo.
Ele revirou os olhos e cruzou os braços, rindo de forma debochada da garota.
-July... Não precisa ficar nervosa, eu só vou falar com ele. Já volto. -Falou o grunge, levantando e segurando em seus ombros, tentando acalmá-la. Ele odiava brigas.
-Quieto Pato Donald! Fique sentado! -Disse, ainda fitando Axl.
-Ah garota! Faça o favor! Deixa eu conversar com ele. Você é dona dele agora?
-Não! Mas sou sua amiga. Ao contrário de você.
-Tem certeza? Você não sabe de nada! -Respondeu Rose, segurando no braço de Kurt e trazendo o garoto próximo dele.
-Solta ele! Ou eu juro que mato você! -Falou ela, segurando na mão de Cobain.
O loiro tentava dizer não com seu olhar para ela, mas a garota estava furiosa com Axl.
-Vá se ferrar! Ele não é seu!
-Já que ele não é meu. Seu, ele nunca vai ser!
-Qual é? Vai me matar mesmo, com uma arma? Ou vai chamar sua amiga? Ah lembrei! Ela está chorando em um canto agora! Sabe... - disse aproximando o rosto em direção ao dela. -Você não percebe? Acho que não sou eu que me atiro para todo lado. Duff, eu, garotas!
-Axl, chega! -Gritou Slash, levantando. Ele ignorou e continuou:
-Diz que é lésbica, mas será mesmo? Quando você me beijou, o que foi aquilo? Pobrezinha... Você pode ser até lindinha, mas ainda sim é apenas um encosto.
-Axl, não fala assim com ela! Por favor! -Falava Steven, olhando para ele apreensivo.
-Garotinha... Ninguém nunca gostou de você. A gente aceitou você, mas foi pela Amy. Sempre de mal-humor, piadas sem graça. Nem é tão boa quanto parece. Ainda me pergunto o que faz aqui? Além disso, vive acusando o Duff! Nós sabemos quem começou. Você sempre sai de vítima nas histórias! E olha pra mim agora! Sou o idiota! Parabéns filha amada! Você conseguiu. Vida perfeita, amigos e me destruir. Você sempre botou pilha na cabeça dela, dizendo que eu era o namorado errado. Que Izzy era fofo. E agora eu sou idiota! -Gritava Axl, colocando tudo que guardava para fora.
As mãos de July tremiam, as lágrimas escorriam de forma inevitável dos seus olhos. Zonza e confusa. Kurt olhava para ela, sentia seu coração se quebrar. Slash e Steven, sabiam sobre o temperamento do amigo, porém, jamais o viram assim. Ele estava fora de si. Seus demônios interiores estavam rodeando aquele lugar. July sentia-se cansada, humilhada e morta. Por que tudo acontecia tão mal? Perguntou Kurt em seus pensamentos conturbados.
-Eu sou o idiota! -Gritou Axl, tão alto que parecia que seus pulmões iriam explodir. E ele chorou, chorou tanto que podiam ouvir seus soluços claramente.
Kurt sentiu uma dor profunda, e gritou de olhos fechados:
-Chega!
E correu para abraçar a garota, empurrou as mãos de Axl e soltou-se, envolvendo a garota em um abraço forte. Ele sentia seus corações se encontrarem de forma perfeita. Podia sentir as batidas. Suas lágrimas escorriam e sentia seu ombro molhado, pelas lágrimas de July.
-Eu estou aqui. -Sussurrou beijando o topo da sua cabeça.