Capítulo 1 - Use Somebody
—Vai, admita. — disse Izzy e soltou um sorrisinho sacana enquanto se sentava no sofá em frente ao que Axl estava.
Axl revirou os olhos pela terceira vez em menos de dois minutos. Os dois haviam acabado de chegar á mansão — Hell House —, depois de uma madrugada de farra em um dos pubs de Los Angeles.
—Vamos, William, não seja tão orgulhoso. — disse Izzy e acendeu um cigarro.
Axl desviou o olhar para o vaso de flores em cima da lareira.
Orgulhoso... Será que o ruivo era tanto assim?
Sua cabeça estava um pouco confusa, principalmente depois da cena no pub, onde teve uma pequena crise de ciúmes ao ver Kurt Cobain aos beijos com Courtney Love. Axl quase pulou no pescoço da mulher, mas, sua sorte, foi que Izzy o segurou e o impediu disto, tirando-o de lá o mais rápido possível.
Axl não sabia o porquê e talvez nem quisesse saber, mas seu coração batia bem mais forte quando ele encontrava o loiro de olhos azuis. Claro que, sendo quem era, nunca admitiria, mas seu estômago se enchia de borboletas quando Kurt sorria, mesmo que sacana ou apenas para provocar Rose.
Será que... estava apaixonado? Apaixonado justo por seu maior rival?
Não, mas é claro que não. Axl Fuckin’ Rose apaixonado por Kurt Idiot Cobain? Não mesmo!
—Eu vou dormir. — disse o ruivo e se levantou do sofá, fazendo com que Izzy suspirasse em desânimo.
O moreno tragou seu cigarro profundamente por mais uma ou duas vezes e também se levantou, então lançou um olhar sério para Axl, que sentiu um arrepio percorrer seu corpo. Eles eram amigos há tempo demais e era óbvio que Izzy já havia percebido algo á mais no “ódio” de Axl por Kurt, algo que foi confirmado depois da crise de ciúmes que o moreno presenciou e impediu.
—Você e sua mania ridícula de fugir do óbvio, Will. — disse o moreno ainda sereno e com o mesmo tom de voz calmo. —Pare de agir como um adolescente mimado e tente admitir, pelo menos por uma só vez, que você não é o que todos acham e que esse seu ódio por Kurt não passa de um amor reprimido.
Izzy apagou seu cigarro no cinzeiro da mesinha de centro e deu de ombros, indo até as escadas, porém, antes de subi-las, o moreno virou para Axl e sorriu de canto.
—Vou te contar um segredo, William. — disse Izzy. —Se você está com medo de ter alguém... lá. — Axl corou levemente. —É pura bobagem. Não há sensação melhor, sabia?
Axl arregalou os olhos sem entender o que outro havia dito e observou Izzy se virar e subir as escadas. O ruivo se perguntou — por uns bons segundos — se Izzy já havia... se envolvido com algum homem...
“Não. Isbell não faria isso”, disse Axl para si mesmo e deu de ombros, subindo para seu quarto.
Rose retirou suas roupas e, depois de tomar um ótimo e relaxante banho, foi para a cama, já que seu cansaço era físico e psicológico e sua cabeça já começava a latejar de tantos pensamentos confusos.
********
Foi um sonho quente. Um sonho que Axl nunca imaginou que teria. Acordou suando frio e agradeceu aos céus por estar usando apenas uma box branca, pois provavelmente suas roupas estariam pingando suor caso dormisse com elas.
Sentou-se na cama com a respiração ofegante e passou as mãos contra os cabelos avermelhados e agora molhados e grudados à nuca e testa.
“Malditos olhos azuis”, disse enquanto tentava controlar sua respiração.
No sonho, os dois estavam... juntos em uma ação que Axl nunca poderia imaginar.
Mas... por que diabos ele havia sonhado com algo tão intenso?
O ruivo respirou fundo algumas vezes, notando que o sol já estava apontando no horizonte, e decidiu descer até a cozinha para beber um copo d’água, porém, assim que chegou ao corredor dos quarto, um barulho estranho o fez parar no meio do caminho.
O vocalista pensou em ignorar, mas o barulho tornou a ocorrer, deixando-o curioso. Percebeu que os barulhos eram gemidos meio abafados e um ranger estranho, parecido com o de uma cama de madeira balançando.
Axl ergueu um pouco a cabeça para ouvir melhor e percebeu que os barulhos estavam no quarto de Duff. O vocalista refletiu um pouco e, sem quase nem perceber, foi se aproximando automaticamente do quarto do baixista.
A porta estava entreaberta, o que permitiu que Axl observasse o que se passava lá dentro.
Os lábios do ruivo secaram e seus olhos se arregalaram absurdamente. Nunca pensou que veria uma cena daquelas, principalmente pelo fato de serem colegas de banda, melhores amigos e, o mais importante de tudo, homens!
A cena era a seguinte: Duff estava na cama junto com Izzy, mas isso não era tão ruim, certo? Errado. O loiro estava deitado sob o corpo do albino, que gemia manhoso enquanto era penetrado lentamente pelo loiro punk. Os dois estavam cobertos até a cintura por um lençol, mas era óbvio o que estava ocorrendo ali. Os braços de Duff estavam apoiados na cama — um em cada lado da cabeça de Izzy — enquanto os do albino percorriam as costas do maior, arranhando-a levemente.
—Mais baixo, amor. — pediu Duff quase em um sussurro, o qual Axl só ouviu por conta do silêncio no resto da casa. —Os outros podem ouvir.
Izzy gemeu manhoso mais uma vez.
—Por... que está me torturando? — o albino perguntou no mesmo tom enquanto curvava seu corpo á procura de contato.
Duff riu levemente e deu uma estocada com força, ficando parado dentro do albino, que se contorceu e desceu suas mãos até os lençóis, agarrando-os com força.
—Por que você tem andando muito com o Axl enquanto eu não estou por perto. — o loiro respondeu enquanto levava a mão até o rosto do albino. —E por que você saiu do bar sem a minha permissão.
Izzy abriu os lábios, chupando dois dedos do baixista, que fechou os olhos e se deixou levar pelo tesão novamente, voltando a se movimentar contra o menor.
—Eu nunca faria nada com o Axl. — disse Izzy ao soltar os dedos do outro. O moreno gemeu quando Duff estocou um pouco mais forte. —Você sabe... ah... que eu sou apenas... seu.
Duff sorriu e curvou o rosto até o pescoço do moreno, beijando e marcando a pele alva. As estocadas começaram a ficar mais rápidas e fortes, porém, mesmo assim, eles conseguiam ser silenciosos. Izzy mordia o ombro do baixista para evitar gemer alto enquanto seus dedos se prendiam fortemente contra os lençóis.
Axl sentiu seu estômago se revirar e de repente um forte puxão abaixo do seu abdômen o fez sair dali.
Estava... excitado com aquela cena? Estava excitado em ver seus dois amigos transando no quarto ao lado do seu? Ora, mas qual era seu maldito problema?
O ruivo correu de volta para seu quarto e foi direto para um banho gelado ao ver que realmente havia se excitado com a cena grotesca. Seus olhos se arregalaram novamente e, quando percebeu, ele já estava de joelhos, vomitando, enquanto a água levava todo seu almoço.
*************
Axl acordou com algum idiota batendo freneticamente em sua porta.
—Que foi, porra?! — o ruivo perguntou enquanto colocava o travesseiro contra o rosto
—AXL! JÁ SÃO QUASE SEIS DA TARDE. — gritou Slash do lado de fora. —TEMOS A PORRA DO HALL OF FAME, ESQUECEU?!
Axl bufou, tirando o travesseiro do rosto, e se sentou na cama.
—Eu já vou, porra! — disse o ruivo e revirou os olhos.
Não houve mais socos na porta.
O ruivo soltou um suspiro e levantou, indo para seu banheiro. Não se lembrava de muito de como foi dormir, mas lembrava-se perfeitamente da cena que virá entre os colegas de banda.
O ruivo tomou um banho demorado, tentando tirar toda a tensão do seu corpo, e depois vestiu uma roupa “apresentável” para o Hall Of ame, uma das maiores premiações do mundo do rock.
Depois de pronto, Axl relutou um pouco em sair do quarto, pois não sabia se iria conseguir encarar Izzy e Duff da mesma forma que antes. O ruivo respirou fundo e acendeu um cigarro, tragando o profundamente. Ficou perdido em seus pensamentos até o fim do cigarro e só então saiu do quarto, indo para a sala, onde encontrou os outros quatro.
—Aleluia! — disse Izzy. —Achei que iria ter que te buscar.
—Eu só... demorei no banho. — Axl respondeu enquanto evitava encarar Izzy nos olhos.
—Então vamos! — disse Duff e se levantou do sofá. —Já são quase oito e a premiação começa as nove.
Os cinco saíram da mansão na limusine da banda. Stee e Slash foram o caminho todo conversando sobre algumas músicas, enquanto Axl, Izzy e Duff foram em silêncio.
Axl percebeu, enquanto Stee e Slash estavam distraídos demais, que Duff e Izzy trocavam alguns olhares um pouco... íntimos demais. O ruivo notou que Izzy sorria de canto junto com McKagan, que vez ou outra alisava a perna de Izzy discretamente.
Axl soltou um suspiro e desviou o olhar para as ruas iluminadas de Los Angeles.
—E então, Axl... — disse Slash enquanto ria meio embriagado por algumas doses de whisky. —Acordou mais nervoso do que o normal, é?
—Por que acha isso? —Axl perguntou encarando o moreno.
—Ué. Seu amorzinho estará lá. — disse Slash, fazendo Stee rir como uma hiena.
—Meu amorzinho? — Axl perguntou sem entender.
—É, Will. — disse Izzy e suspirou pesado. —Parece que o Cobain confirmou presença no Hall.
Axl sentiu seu coração acelerar e pelo olhar dos outros era provável que ele havia empalidecido, pois todos pareciam preocupados.
—Você... está bem? — Slash perguntou parando de rir.
—Estou... — Axl respondeu meio falho e depois forçou um sorriso sacana. —Só me subiu uma raiva repentina...
... era óbvio que ele estava mentindo!
—Não arrume confusão, por favor. — disse Izzy enquanto acendia um cigarro. —Apenas o ignore.
—É o que pretendo. — disse Axl e voltou a olhar para a rua enquanto sorria.
E o ruivo continuava a fingir que não se importava com a presença de Cobain.
A chegada ao Hall foi, como sempre, caótica. Os jornalistas estavam bem agitados por conta do novo contrato da banda, principalmente agora que todos sabiam que seria um álbum duplo. A banda foi recebida por vários flashs e fizeram questão de responder algumas perguntas dos jornalistas, mas foram breves e mantiveram alguns sigilos importantes.
Adentraram o grande salão onde ocorria a premiação e, depois de cumprimentarem alguns amigos, sentarem-se á mesa que estava marcada com o nome da banda. Cinco minutos depois a premiação já estava começando, sendo que o apresentador era Ozzy Osbourne e sua esposa.
Tudo estava ocorrendo maravilhosamente bem, alguns prêmios já haviam sido entregues e havia harmonia entre a maioria das bandas, mas foi quando de repente Axl notou algo que fez seu coração gelar.
Havia uma mesa vazia ao lado da deles e a marcação era da banda que Axl menos queria perto dele: Nirvana. O ruivo respirou fundo e tentou se acalmar, afinal, estava vazia e já estava tarde, então era provável que nenhum deles aparecesse.
Mas o ruivo estava errado.
Mal Axl teve tempo de terminar sua taça de vinho e pôde ouvir o barulho das cadeiras se arrastando e logo os quatro se sentaram á mesa ao lado.
Kristy, Dave, Kurt e, argh, Courtney.
Axl respirou fundo e decidiu ignorar qualquer um da mesa ao lado.
Tudo continuou a ocorrer bem até que Axl, por simples impulso, olhou para o lado e deparou-se com o olhar dele sob si. Seu rosto esquentou, o que foi percebido pelo outro, mas que, por incrível que pareça, continuou sério e não fez nada para provocar.
Axl desviou o olhar, mas continuou a sentir o olhar deKurt sob si, o que o deixou muito incomodado. O ruivo estava estressado, mas não queria arrumar confusão, pelo menos não ali, pois estava cansado de ser chamado de “louco”.
O ruivo suportou o olhar do outro por um bom tempo, mas logo não aguentou e foi obrigado a se levantar bruscamente — o que atraiu a atenção de Duffe Izzy — e caminhou rapidamente até o banheiro, quase esbarrando em alguns garçons.
Assim que chegou ao banheiro, Axl apoiou as mãos na pia e encarou seu reflexo no espelho grande que havia ali. O vocalista do Guns N’ Roses sempre se achou muito bonito, atraente e sexy, afinal, todos o desejavam justamente por isso. Porém, havia algo que martelava em sua cabeça: mesmo sendo tão bonito e conseguindo tudo por conta dessa beleza, por que ele não conseguia a única coisa que queria? Por que era tão difícil chamar a atenção de Kurt sem ter que fazer algum piadinha ou comprar alguma briga de bandas?
Axl suspirou, sentindo-se cansado. Estava cansado de todos seus pensamentos, suas dúvidas e, principalmente, cansado de pensar em Kurt Cobain.
O ruivo então se curvou e passou uma água pelo rosto, porém, assim que voltou a encarar seu reflexo, teve uma surpresa que o assustou.
—Desculpe. — disse o loiro enquanto se aproximava do ruivo.
—O que faz aqui? — Axl perguntou sem ao menos se virar.
—Eu... estava atrás de você. — Kurt respondeu parado há alguns passos do ruivo.
Axl ergueu as sobrancelhas.
—Por que estava trás de mim? — o ruivo perguntou ficando impaciente e nervoso.
—Eu... queria dizer uma coisa. — Cobain respondeu sério.
—Então diga. — o ruivo mandou.
—... não posso. — disse Cobain, deixando Axl ainda mais irritado.
—Por que não? — Axl perguntou revirando os olhos.
—Por que seria mais fácil se eu mostrasse á você. — disse Cobain.
Antes que Axl pudesse responder, Cobain o puxou para que se virasse e atacou os lábios do ruivo sem pudor e com selvageria. Axl arregalou os olhos e ficou sem reação.
Tenho andado por aí,
Sempre menosprezando tudo que vejo
A cabeça do ruivo entrou em um colapso enquanto tentava achar uma saída, um jeito de se afastar. Porém, Cobain o segurava com tanta força que Axl achou que seus ossos iriam se quebrar ao meio. O loiro permaneceu com seus lábios contra os do ruivo, mas foi só questão de um aperto na cintura para que Axl abrisse a boca, permitindo que Cobain a invadisse sem receio algum.
O beijo começou tímido, já que Axl ainda estava em choque, mas aos poucos o ruivo se permitiu levar pelo outro. As línguas batalhavam sem trégua, até parecia uma partida de batalha naval.
Uma partida que parecia que não iria terminar tão cedo.
As mãos do grunge se prenderam na cintura do ruivo, enquanto as do rockstar foram para as madeixas loiras, prendendo-as em seus dedos. O beijo se tornou mais forte, bruto, quente e necessitado, por isso o ar acabou faltando e eles se separaram, mas não se afastaram.
Rostos pintados, preenchendo lugares que não alcanço
—Mas que... — antes que Axl pudesse terminar de falar, Cobain o empurrou até um dos box, trancando-o com os dois dentro.
Axl arregalou os olhos. O que Kurt estava pensando em fazer? Será que estava chapado ou coisa do tipo? Por que diabos estava agindo daquela forma?
—O que pensa que vai fazer? — Axl perguntou assustado enquanto recuava.
O box era pequeno, então os dois estavam praticamente colados um no outro. Kurt tinha um sorrisinho sacana no rosto enquanto pressionava levemente seu corpo no do ruivo, que já estava encostado á porta.
—Como você consegue ser tão... fodidamente sexy, Axl Rose? — Kurt perguntou com os olhos brilhando em desejo e apoiou uma mão em cada lado da cabeça de Axl, deixando os rostos próximos. —Como você consegue... ser tão gostoso?
O loiro levou uma das mãos até seu próprio membro e o apertou com força por cima da calça, fazendo Axl prender a respiração por conta da cena erótica.
—O-o que você está... fazendo, seu doente? — o ruivo gaguejou sentindo seu rosto quente.
Você sabe que eu preciso de alguém
Você sabe que eu preciso de alguém
Kurt o encarou novamente, dessa vez um pouco mais sério do que antes. Axl sentiu seu corpo estremecer com aquele olhar, pois nunca havia visto o loiro tão... tenso e sério.
O que estava acontecendo com Cobain? O que estava acontecendo com os dois?
—Será que você não percebe? — Kurt perguntou com um tom um pouco mais melancólico e triste. —Nunca percebeu, Axl?
—Percebi o que? — Axl estava confuso.
—Eu sempre... sempre quis você. — respondeu Cobain, deixando Axl boquiaberto. —Eu sempre desejei você desde a primeira vez que te vi.
Axl estava chocado e confuso. Como assim Kurt sempre havia o desejado? Não, isso não era possível. Os dois sempre brigaram. Desde o primeiro momento que se encontraram os gênios dos dois nunca bateram.
—Você... está bêbado? — Axl perguntou.
—Não, Axl. Eu nunca estive tão sóbrio na minha vida quanto estou agora. —Kurt respondeu e suspirou. —Eu... estou sendo sincero com você. Sempre te desejei, sempre... gostei de você.
O loiro suspirou novamente e fechou os olhos enquanto abaixava levemente a cabeça, cansado e decepcionado. Axl estava chocado, seu coração estava batendo forte e ele sentia que a qualquer momento iria desmaiar ou pelo menos cair no chão, pois suas pernas tremiam.
Porém, apesar do choque e do susto, Axl estava... satisfeito. Bem satisfeito. Então... Kurt realmente o desejava? Kurt correspondia aos desejos do ruivo?
—Eu... também... te desejo. — disse Axl, por fim, e soltou um suspiro quando o loiro voltou a encará-lo.
Os olhares se conectavam de uma forma que só agora eles percebiam. Era o verde no azul. O azul no verde. O mundo parecia girar mais lentamente enquanto as almas se chocavam através daquele simples ato de encarar um ao outro. Kurt encontrou no ruivo aquilo que faltava em si mesmo, um pouco de agressividade e liberdade, enquanto Axl encontrou no loiro o que faltava em si também, um pouco de paz e simplicidade.
Alguém como você, tudo que você sabe, como você fala
Amantes incontáveis disfarçados nas ruas
O olhar de Cobain desceu até os lábios avermelhados do ruivo. Kurt não entendia como alguém conseguia ser tão sexy, selvagem e excitante ao mesmo tempo. Lembrou-se de quantas vezes gozou enquanto imaginava aqueles lábios e juntamente com os gemidos do outro vocalista. Lembrou-se de quantas vezes sonhou com o próprio vocalista.
—Vamos... para casa. — foi a única coisa que o loiro disse.
Não poderia mais aguentar e nem esperar. Precisava de Axl para si, precisava de uma só noite com o ruivo, precisava de uma só chance para pintar o verde de azul e deixar o amarelo em contraste com o vermelho.
—Os outros vão desconfiar. — disse Axl receoso, enquanto se perdia no oceano azulado presente nos olhos do outro.
—Você vai primeiro e eu vou em seguida. — disse Cobain enquanto se afastava. —Você nunca gostou de premiações mesmo.
O loiro sorriu de canto, o que acalmou Axl por um mísero momento. O ruivo refletiu por um momento, tentando escolher entre o certo e o errado, no caso, entre a razão e o desejo.
Foi então que... de repente...
—Vou te esperar lá fora. — disse o ruivo e saiu do box.
... de repente Axl decidiu mandar todos ao inferno e chutar o pau da barraca, afinal, ele era Axl Fuckin’ Rose e não dava a mínima para o que achavam ou diziam dele. Saiu sem olhar para trás e sem se despedir de ninguém, agradeceu aos céus pelo caminho livre e caminhou até a esquina vazia, onde Cobain poderia vê-lo de longe.
Sentia-se como uma prostituta, mas não se importava, pois naquele momento sua mente estava vazia e sua importância para o mundo ao seu redor era nula. Acendeu um cigarro e o tragou por alguns minutos. Já estava quase desistindo e indo embora quando avistou a figura loira caminhando em sua direção.
—Para onde quer ir? — Axl perguntou sério, tentando parecer indiferente.
Kurt apenas piscou e sorriu.
******
Axl nunca imaginou como seria a casa de Kurt e nunca cogitou a ideia de que ela seria um simples quarto de um hotel 5 estrelas no centro. O lugar era luxuoso, porém estava tão bagunçado e sujo que se tornava um quarto parecido com um de um hotel barato.
Havia roupas por todo o lugar, juntamente com vários papéis amassados e várias caixas de pizza. Axl notou também que havia vestígios de drogas e bebidas por todo o quarto, principalmente em uma pequena mesinha de vidro que havia em frente á cama.
—Você... mora aqui? — o ruivo perguntou enquanto Kurt fechava a porta.
Kurt apenas acenou com a cabeça, concordando, e caminhou até ruivo, agarrando sua cintura. Os lábios se uniram em um beijo necessitado enquanto as mãos do loiro percorriam as costas do ruivo, aproximando os corpos.
Você sabe que eu preciso de alguém
Você sabe que eu preciso de alguém
Alguém como você
Kurt deu alguns passos para frente até fazer com que Axl caísse de costas na cama desarrumada, levando consigo o loiro, que não parou de beijá-lo. O ruivo se perdeu por um momento no que estava fazendo, mas logo algo começou a incomodá-lo.
Será que Kurt e a Love...?
—K-Kurt... — o ruivo gaguejou enquanto empurrava levemente o outro.
—Hm?
—Você e a Courtney... já... aqui... — Axl perguntou e sentiu seu estômago revirar apenas ao imaginar o casal naquela cama.
—Courtney mora com a baixista da banda dela... — respondeu Kurt e passou seus lábios pelo pescoço do ruivo, fazendo-o suspirar. —... além disso... já fazem meses que eu não consigo tocá-la...
Rose se pegou sorrindo com aquilo. Então Kurt não tocava na vadia há meses? Que interessante... Axl fechou os olhos e se deixou levar pelas carícias do outro, que agora estava preocupado em beijar e morder o pescoço branco do ruivo embaixo de si.
As mãos de Axl percorreram os braços de Cobain, apertando-os, enquanto os lábios do ruivo se abriam para deixar suspiros ecoarem pelo quarto. O clima estava esquentando e a causa disso era os dois corpos ali deitados na cama. Kurt continuou a beijar o pescoço do ruivo, ás vezes mordendo-o um pouco forte, enquanto os corpos se esfregavam um ao outro.
—Kurt... — Axl suspirou ao sentir o outro passar sua perna pela ereção que despontava em sua calça.
Axl estava excitado, não tão diferente de Cobain.
—Deixe-me... ah... tirar isso... — disse o loiro enquanto se afastavae puxavaa camisa do ruivo.
Axl sentiu seu rosto quente e desviou o olhar para um objeto qualquer no quarto, o que foi percebido por Kurt.
—Você não precisa ter vergonha. — disse Kurt e segurou o queixo de Axl, obrigando o ruivo á encará-lo. —Somos iguais. Estamos juntos nessa.
Axl soltou um suspiro enquanto Kurt o observava.
A visão que o loiro tinha era extremamente excitante, afinal, seu parceiro era ninguém menos que Axl Rose, um dos homens mais gostosos com quem tinha cruzado em sua vida. Kurt estava hipnotizado com Axl. O loiro adorava a magreza do outro e a forma como seu cabelo avermelhado ganhava contraste com seu corpo branco e marcado por alguns desenhos.
Mas havia algo que deixava Kurt ainda mais louco e hipnotizado: os olhos do ruivo. O grunge nunca achou graça em seus próprios olhos, mas nos do ruivo... ah, aqueles olhos verdes faziam o mundo de Kurt romper de uma forma apocalíptica.
O loiro tirou sua própria camiseta e sapatos — junto com as botas do ruivo — enquanto era observado por um Axl calado e corado. Kurt sorriu, pois adorava o jeito fofo de Axl, era uma característica engraçada para um cara como ele.
Kurt voltou a beijar o ruivo, dessa vez com um pouco mais de selvageria e um pouco mais de desejo, enquanto passava as mãos pelo corpo do outro, que suspirava em aprovação. O loiro aproveitou que Axl já estava completamente entregue e tentou um toque um pouco mais usado. Desceu sua mão até a calça do ruivo, adentrando-a, e apertou seu membro descoberto pela falta de cueca. Axl gemeu. Gemeu manhoso. Kurt sorriu satisfeito e ainda hipnotizado com a forma que Axl conseguia se torna cada vez mais adorável e atraente.
Saio andando pela noite, enquanto você vive, vou dormir
Começando guerras para sacudir o poeta e a batida
O loiro continuou a tocar o membro de Axl, fazendo o ruivo gemer cada vez mais ato, o que estava excitando o loiro rapidamente. As mãos de Axl foram para os ombros de Kurt, puxando e juntando os lábios em mais um beijo necessitado. O grunge ainda tocava o membro do ruivo, descendo e subindo sua mão por toda a extensão pulsante e molhada por conta do pré-gozo.
—Ah... Kurt... — o ruivo gemeu ao cortar o beijo.
Kurt continuou a sorrir. Mas não um sorriso de provocação, e sim um sorriso de satisfação por, finalmente, estar realizando aquilo que sonhava há muito tempo.
O loiro retirou a mão de dentro da calça do outro, recebendo um resmungo de reprovação, e se apressou em desabotoar e tirar a peça de roupa que apertava o membro de Axl. Kurt ficou um pouco receoso, mas acabou tirando sua roupa também, deixando assim os dois nus.
Axl sentiu o loiro voltar a deitar sob si, dessa vez as peles se tocaram com fervor e desejo, fazendo com que os dois se excitassem ainda mais. O ruivo abriu os olhos lentamente e encarou as pedras azuis que brilhavam.
—Eu nunca fiz isso... — disse o loiro com um olhar sério.
—... eu também não... — disse Axl e seu rosto ferveu.
Kurt sorriu sincero.
—Você... fica lindo assim... — disse o grunge enquanto alisava o rosto do ruivo.
Axl apenas... suspirou.
Ambos estavam excitados e precisavam de alívio, mas era evidente o nervosismo presente entre eles, afinal, nunca haviam feito aquilo antes. Kurt soltou um suspiro ao sentir seu membro ereto se esfregando contra o do ruivo, que gemeu em aprovação.
O loiro gostou daquilo e continuo por um momento. Ambos gemeram juntos em aprovação. Era delicioso, excitante e proibido. As mãos do ruivo percorreram as costas do maior, arranhando a pele branca, enquanto as mãos do grunge alisaram a cintura do ruivo.
—Ah... Kurt... eu vou... ah! — o ruivo gemeu enquanto sentia seu membro pulsar cada vez mais, como se procurasse o alivio imediato.
—... não... — disse Kurt, quase que como um pedido. —... não agora.
O loiro parou de se movimentar e automaticamente levou sua mão até o rosto do ruivo. Primeiro alisou uma das bochechas do ruivo e depois levou dois dedos até a boca avermelhada de Axl, que os chupou de uma forma que fez Kurt se perguntar se o ruivo nunca havia feito aquilo mesmo, pois ele parecia ter experiência.
—Eu acho... que vai doer... — disse o loiro enquanto tirava os dedos da boca do outro.
Axl engoliu seco e soltou um gemido de dor quando se sentiu ser penetrado por um dedo. Sua respiração falhou e ele sentiu um incômodo terrível, que só piorou com o acréscimo do segundo dedo. Doía. Doía demais. O ruivo cravou suas unhas nos braços de Kurt, que o beijou para distraí-lo. A dor permaneceu por um momento, mas desapareceu gradativamente quando Kurt começou a movimentar os dedos dentro do ruivo, rodando-os e abrindo-s levemente.
Axl gemeu em aprovação.
Kurt o beijou mais algumas vezes até que revirou seus dedos e suspirou.
—Vai doer... — disse Kurt. Axl arregalou os olhos. —Então... pode me machucar se você... quiser.
Kurt falou aquilo de uma maneira tão sincera e tranquila, que Axl se perguntou como ele conseguia estar tão tranquilo em um momento como aquele. O ruivo, apesar da surpresa, concordou com a cabeça e sentiu.
Axl fechou os olhos ao sentir o loiro agarrar seu próprio membro, balançando e guiando-o até a entrada do ruivo. Um gemido se prendeu na garganta do ruivo quando Kurt começou a penetrá-lo.
A dor era tanta que Axl se perguntou o porquê de Izzy gostar daquilo e o porquê do albino achar que era “maravilhoso”. O ruivo sentia como se estivesse sendo rasgado ao meio, e isso definitivamente não era nada bom.
Espero que isso faça você notar
Espero que isso faça você notar
—Apenas... relaxe... — Kurt pediu enquanto acariciava o rosto do ruivo.
Logo, Kurt estava todo... dentro. O loiro soltou um gemido, pois Axl era tão apertado e tão gostoso, que Kurt se segurou para não gozar só com aquilo. Agora os corpos estavam unidos e não havia mais retorno. Ambos eram apenas um.
O loiro esperou até que a expressão de Axl relaxasse, para só então se movimentar, o que fez o ruivo voltar a ficar tenso e gemer de dor. Conforme Kurt se movimentava lentamente, Axl arranhava e mordia o ombro do grunge, que parecia não se importar com as dores causadas pelo ruivo.
Foi então que, sem quase nem perceber, Axl relaxou seu corpo e um gemido um pouco mais satisfeito escapou de seus lábios. A sensação era... boa, relaxante. O ruivo parou de machucar os ombros de Kurt — que já estavam bem marcados — e curvou seu corpo á procura de um contato maior, sendo tomado pelo prazer evidente.
—Axl... você é apertado demais... — disse Kurt entre gemidos.
As estocadas começaram a ficar rápidas e fortes, enquanto ambos sentiam um prazer delicioso e nunca antes experimentado. Kurt beijou o ruivo algumas vezes, mas bem rapidamente, pois o ar faltava para ambos. Axl movia seu corpo em sincronia com o outro, gemendo e se remexendo á procura de todo contato possível.
E era bom mesmo. Não, não somente bom. Era maravilho. Simplesmente maravilhoso.
E a cada estocada, um gemido.
O ruivo gemia alto enquanto Kurt investia com tudo contra ele, levando os dois aos céus. Foi então que, tomado por seu instinto, Axl cravou seus braços no pescoço de Cobain e inverteu as posições, ficando por cima do loiro.
—Porra, Axl! — Cobain gemeu e mordeu o próprio lábio.
Axl sorriu com a cena e começou a cavalgar lentamente sobre o membro do outro. Kurt apertou com força a cintura de Axl, sentindo que poderia gozar a qualquer momento.
E, naquele momento, Kurt se perguntou como infernos aquele ruivo estava o deixando completamente louco. Completamente fora de orbita.
Os corpos se moviam em sincronia e os gemidos ecoavam pelo quarto todo. Gemidos de um prazer enorme e sentido por ambos. As mãos de Kurt se prenderam na cintura do ruivo, enquanto as dele se prenderam nos braços de Cobain, apertando-os. O ruivo sentia o membro pulsante dentro de si, algo que fazia seu corpo tremer, e tudo só melhorou quando Kurt agarrou o membro ereto de Axl e passou a masturbá-lo na velocidade das cavalgadas.
E Axl começou a ir mais rápido e mais forte contra o outro, arrancando um grito de Kurt. Não havia mundo lá fora, não havia bandas em guerra, não havia rivalidade. Não existia mais nada, exceto Axl Rose e Kurt Cobain em uma cama em chamas.
Alguém como eu
Alguém como eu
—Eu vou... gozar! — disse Kurt e jogou a cabeça para trás, sentindo seu orgasmo chegar.
Axl soltou um gemido algo e rebolou fortemente, fazendo o loiro gozar no mesmo momento. Kurt gemeu em aprovação e, instantes depois, foi a vez de o ruivo chegar ao seu ápice, sujando os dois.
Axl caiu por cima do corpo de Kurt na cama. Ambos suados, cansados, vermelhos e anestesiados por orgasmos potentes. O ruivo observou o loiro por um tempo, adorava a forma que Kurt parecia calmo e sereno com os olhos fechados e o rosto um pouco avermelhado por conta do cansaço.
—Você é lindo... — disse Axl, agora era ele o hipnotizado.
Kurt apenas sorriu de canto, um sorriso cansado, e abriu os olhos para encarar o ruivo.
—Você vai embora de manhã como costuma fazer com suas groupies? — Kurt perguntou ainda sorrindo.
Axl, pela primeira vez na noite, sorriu sincero.
—Não. — foi a única coisa que o ruivo respondeu antes de juntar seus lábios aos de Cobain.
O beijo foi calmo e um pouco... apaixonado.
Será que era isso? Será que do ódio realmente havia nascido o amor? Será que o mesmo Cobain que Axl odiava era o mesmo que agora ganhava um beijo apaixonado do ruivo?
Ora, a vida é cheia de “serás”, certo?
E ali, naquele quarto bagunçado e naquela cama macia, os dois se tornaram um só. Deram chance ao desejo que sentiam um pelo outro, deram chance ao amor reprimido, mostrando que nada é o que parece.
Kurt sorriu com o fim do beijo e Axl saiu de seu colo, os dois se deitaram e Cobain os cobriu com o lençol. O loiro ficou observando o ruivo por um momento, enquanto o mesmo estava deitado no peito do loiro e recebia um afago nos cabelos avermelhados.
—... você e eu... — disse Kurt e Axl sorriu, entendo o que ele estava dizendo. —Nada mais do que... você e eu...
O ruivo fechou os olhos e dormiu sentindo o calor do outro perto de si. Bem, agora ambos estavam em paz. Axl estava com sua sanidade no lugar e Kurt tinha queimado seus pensamentos suicidas. O verde havia sido tingido pelo azul e o vermelho pelo amarelo, e vice-versa.
Tenho andado por aí,
Sempre menosprezando tudo que vejo!